quinta-feira, 27 de setembro de 2007

SIGNIFICADOS E SIGNIFICANTES

De algum modo, parece que sempre tive uma "queda" pela cultura oriental, japonesa, chinesa, hindu... Isso não tem nada de orientalismo barato ou tendência new ager, mas algo que foi construído desde minha infância, arraigado em meus mais profundos valores.

Eu gostava dos desenhos animados japoneses (Super Dínamo, Guzula, Sawamu, Speed Racer...), dos heróis espaciais (National Kid, Ultra Man, Ultra Seven - não gostava do Espectroman).

Mais tarde, passei a apreciar o jeito de ser de Kwai Chang Caine na série Kung Fu e virei fã incondicional de Bruce Lee.

Curti demais filmes recentes como "O Tigre e o Dragão", "Herói", "O Clã das Adagas Voadoras" e até "O Último Samurai".

Há um "quê" de interiorização, de respeito ao próximo - mesmo que esse seja um oponente - e visão, em relação à ocidental, totalmente diferente da vida e do Universo.

Mas há um ponto em que a visão ocidental não pode ser descartada: Brahma, para os hindus, é o criador do Universo, um ser supremo com quatro cabeças.

Com todo respeito, prefiro a nossa visão sobre Brahma, mesmo com apenas três cabeças...



VIVER MAIS SIMPLES

Alexandre, meu filho de 6 anos de idade, passou uns dias com a família do meu irmão, numa cidade de interior. Para um menino urbano, que está acostumado a ficar dentro do apartamento, assistindo televisão ou jogando videogames, foi inesquecível.

Céu azul num lugar rodeado por montanhas, com chão de terra vermelha, riachos, vacas, cavalos e galinhas. A turminha composta por 3 crianças: Além do meu filho, Juliana, minha afilhada de 10 anos e Gabriel, meu sobrinho de 14.

Apenas dez casinhas - quase de pau a pique - num grande terreno delimitado por uma cerca de madeira. Liberdade para enfiarem o pé no barro, rolarem na grama, explorarem lugares desconhecidos e chegarem em casa só no fim da tarde, imundos e felizes. Sem neuroses, sem medos, sem preocupações.

Quando meu desbravador retornou, estava todo arranhado, porém vitorioso. Voltou mais criativo, alegre e cheio de auto-estima. Realmente, a gente não precisa de muito para ser feliz. Nada como uma vida simples, descomplicada. Existe coisa melhor e mais saudável??


Célia, jornalista, direto de Florianópolis

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

SÍNDROME DO E-MAIL

A gente encontra muito para ler na rede mundial de computadores sobre os novos males causados pelos hábitos resultantes do uso intensivo da tecnologia no dia-a-dia.

Começam fisicamente com a LER (lesão por esforço repetitivo) causada pelo bendito teclado, passam por problemas de coluna, dores nos ombros e pescoço por mal posicionamento diante do monitor, que também castiga nossos olhos e vão nossa mente adentro, causando transtornos de atenção por ler e responder e-mails a todo momento, obsessão por navegar em busca de informação, isolamento em relação ao mundo real e a famosa síndrome do e-mail.

Sobre essa última, senti seus efeitos ontem.

Os servidores de correio eletrônico sofreram uma pane geral e ficamos o dia todo sem mandar nem receber mensagens. As que estavam nos servidores para envio e recebimento foram perdidas (por isso, se alguém mandou algo ontem, por favor mande novamente).

Imagine ficar um dia todo sem criar um novo texto sobre um tema qualquer, uma nova frase-do-dia ou enviar e receber aquela velha piada já super-rodada ou uma notícia especialmente pinçada entre as milhões disponíveis para iniciar um debate entre amigos em outros departamentos, em outras empresas, em outros Estados e países!

Mesmo suando frio e trêmulo, me controlei, respirei fundo e passei o dia todo... ...TRABALHANDO!!

Inacreditável o que a simples falta de um recurso tecnológico nos obriga a fazer.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A TEORIA, A PRÁTICA E OS DINOSSAUROS



Tenho lido muitos artigos sobre administração, alguns sobre novas técnicas e estilos, outros sobre velhas teorias ainda colocadas em prática. O mais recente colocava a última moda em cheque: o jeitão duro e seco de "Arte da Guerra" do japonês Sun Tzu estaria sendo substituído pelo modo quase budista tibetano de ser, mais amável, colaborativo, equilibrado.

Não sei se as novas teorias substituem modelos já desgastados ou são resultado da observação das práticas em empresas inovadoras e posteriormente teorizadas. Porém, tudo isso parece utopia para um grupo de amigos e para mim também.

Num país em que a imensa maioria das empresas ainda são "familiares", administradas e comandadas por seus donos-fundadores ou descendentes diretos (tb li num artigo), a probabilidade de nos empregarmos numa dessas é grande e foi o que aconteceu aos tais amigos e a mim.

Pelo que relatam esses amigos e pelas experiências que tenho vivenciado, nessas empresas ainda impera o estilo "Senhor de Engenho", no qual o dono-senhorio-proprietário-presidente tem direito de vida e morte sobre todos que adentram o "seu" prédio. Falam o que bem entendem sem absolutamente nenhum superego para frear a língua, criticam duramente funcionários em pleno corredor na frente de todos, despedem e trocam Diretores e alta gerência como trocam de cuecas e vivem reclamando da falta de bons colaboradores e de resultados.

Talvez por estarem imunes às variáveis de empregabilidade, por não precisarem se atualizar para manter o emprego nem ter de se comportar de maneira minimamente civilizada, pois dentro de seu microcosmo tudo podem, esses homens são autênticos dinossauros-rex, pura força bruta e dentes afiados pilotando seus negócios em pleno século XXI.

Há os que tentam minimizar a questão levando em consideração o fato de terem erguido à unha seus impérios, pequenos ou grandes, suportando toda a sorte de reveses pelo caminho e isso os teria moldado dessa maneira. Porém, e isso não há como negar, nessas empresas é possível sentir no ar a tensão, o estresse e, pior, a má educação generalizada no tratamento interno entre os funcionários que copiam o estilo do chefe, que copia o estilo do dono.

Nessas empresas é comum também e possivelmente resultado dessa "formação" de seus donos na escola da vida o foco estar pura e exclusivamente na venda, com todo o restante sendo considerado desperdício. Desse modo, treinamentos internos, ações de marketing e atualização dos sistemas de informática são quase sempre "...bobagens, bobagens! Só pensam em gastar dinheiro! Parece que só eu aqui penso em ganhar algum! No meu tempo a gente saía pra rua e vendia, não tinha nada disso...".

Uma frase jamais esquecerei: conversando com o vice-presidente numa breve pausa durante uma reunião, ele disse que "...o marketing é a validação de preguiça do vendedor. Vendedor que é bom sai e vende, não precisa dessas frescuras".

Como essas empresas passam do meio século de existência e estão em plena forma - ou já tiveram dias melhores mas ainda têm fôlego pra muitas décadas - é extremamente difícil confrontar esses senhores. Mesmo com toda a diplomacia e argumentos estudados, diretores que tentaram são hoje ex-diretores, estão "disponíveis no mercado" ou prestando algum tipo de consultoria.

O alívio é que esses senhores feudais não viverão para sempre, mas o pesadelo recomeça quando um de seus filhos assume seu lugar, pois geralmente é escolhido aquele que mais próximo do pai era, aquele que "aprendeu tudo direitinho, como foi comigo naqueles tempos".

E pensar que Bill Gates, o homem mais rico do mundo, deixou a liderança de seu império (e que império!) por acreditar não estar mais colaborando à altura. Somente uma estrela dessa grandeza poderia se dar ao luxo de tamanha humildade.

Oxalá um dia nossos modernos senhores de engenho percebam que no mundo tupiniquim com todos os seus problemas - a corrupção, os impostos, o custo-Brasil - eles também são agentes do atraso.