terça-feira, 29 de julho de 2008

FILMES PARA VOCÊ FICAR ESPERTO

Nenhum é novo e já foram vistos por quase todo mundo, mas vale a pena lembrar deles pois são inacreditavelmente atuais (a idiotice humana é eterna).

Se você é daqueles que pagam uma fortuna (ou gostaria de pagar) pra ouvir falarem aqueles gurus de marketing e administração ou se fica entusiasmado quando, em sua empresa, o RH contrata um desses gurus pra dar uma palestra, não deixe de ver MUITO ALÉM DO JARDIM, um clássico com Peter Sellers.

De modo direto, o filme mostra como muitas pessoas vêem e ouvem somente aquilo que querem - e acham o máximo - mesmo vindo de um... Bem, assista ao filme.

A outra dica é um filme um pouco mais recente, mas o engraçado é que coloca na telona uma idéia sobre a qual eu havia pensado tempos atrás (mas não tive a competência nem a idéia de transformar em roteiro cinematográfico...). Eu imaginei como seria o mundo se o nivelamento cultural por baixo continuasse pressionando as pessoas e elas seguindo as "tendências" sem pararem pra pensar... O filme que traduz o futuro que vislumbrei é IDIOCRACY.

No primeiro, um sutil e cínico humor. No segundo, inteligente e escrachado.

NÃO PERDA!!



sexta-feira, 18 de julho de 2008

CHURRASQUINHO DE CACHORRO SÓ DEPOIS QUE A VISITA FOR EMBORA



Você já deve ter visto na mídia por aí, se tem algum interesse pelo grande evento esportivo que está por vir – a Olimpíada de Pequim (ou Beijing, que parece nome de doce de festa infantil e talvez por isso adotemos outra grafia) – que os chineses irão temporariamente suspender a oferta de carne de cachorro em seus restaurantes no intuito de não ferir os sentimentos dos turistas estrangeiros.



Isso é engraçado... OK, é trágico, mas falo sobre o raciocínio (a falta dele) das pessoas.
Certa vez, num grupo de discussão sobre direitos animais, criei o maior rebu sobre esse assunto. Os integrantes queriam, de algum modo, criar sanções a produtos chineses e coreanos porque eles comiam cães. Aí eu fiz a pergunta: vocês comem carne de vaca, porco ou galinha? Se sim, qual a diferença destas e da carne de cachorro? (ao ver um bife no açougue você tem ABSOLUTA certeza de qual animal veio?...).As respostas foram iradas, sarcásticas, esotéricas, mas nenhuma foi lógica.

A questão é PURAMENTE cultural.

Arriscando-me a ouvir piadas sem-graça, afirmo que NÃO HÁ ABSOLUTAMENTE DIFERENÇA NENHUMA entre um bicho e outro. Todos são carne, todos sentem fome, frio e medo. Todos
sofrem nos “calabouços” em que são criados, onde passam suas vidas presos para nos servir de
alimento.

Um parêntese: você se chocou com a cena de humanos servindo de pilhas para alimentar as máquinas em Matrix? Veja na foto ao lado como são criados os seus bifes de frango...



Do outro lado do mundo, a vaca é um animal sagrado. Ai daquele que molestar uma delas. Ninguém as come, jamais. Para os indianos somos um bando de ignorantes, brucutus cujas almas nunca evoluirão ou subirão aos céus por violarmos a sacralidade da vaca. Em alguns templos também por aqueles lados são os ratos as divindades. Ninguém pode – nem tenta – feri-los. Vivem em paz, felizes, soltos pelas ruas.



Quem tem razão? Nós, ocidentais, ou os indianos? Não há como determinar isso de maneira universal, extra-cultural, honesta, lógica, sensata, imparcial.

Pouca gente entendeu esse ponto de vista ou, por comodidade, preferiram não pensar muito a respeito. Pensar é um dos mais árduos trabalhos humanos e por isso mesmo são poucos os que se dispõem a fazê-lo. As pessoas querem mudar o mundo mas não querem mudar a si mesmas. Querem que chineses e coreanos parem de comer cães mas não abandonam seus churrascos bovinos de final de semana.

Ser vegetariano não é algo que cobro ou tento impor a ninguém, é um posicionamento exclusivamente pessoal. Mas em Ética vemos que a imparcialidade não é possível. Ela não existe, é uma cômoda auto-ilusão daqueles que temem se posicionar. Desse modo, quem não se posiciona está, automaticamente, tomando a posição da ideologia vigente, da maioria, dando espaço para ela existir tranquilamente.



Há um velho ditado, atribuído por vezes a Confúcio noutras a mestres Zen, que diz:

“Antes de tentar mudar o mundo, dê três voltas ao redor de sua casa”.
Verá que há muito a mudar e perceberá que a mudança deve começar em você, depois no resto.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A FÉ REMOVE MONTANHAS, MAS NÃO A IDIOTICE


Aproveitando que meu caro colega (e um dos únicos leitores desse blog) Roberto Bechtlufft escreveu sobre os seguidores da doutrina
Testemunhas de Jeová lá no Não Seja Medíocre, aqui vai minha contribuição para a abertura dos olhos e mentes. Afinal, todo mundo que faz uma Pausa prum Café e começa a usar o cérebro e passa a não querer mais ser medíocre.

Num envelope dourado brilhante chegou a solução de todos os meus problemas: a MEDALHA MILAGROSA de Nossa Senhora de Fátima, da Associação Católica dessa mesma.

Funciona mais ou menos como se a medalhinha fosse uma conexão 24x7 online com Nossa Senhora, entende?...

Os folhetos afirmam que Nossa Senhora prometeu a Santa Catarina Labouré o alcance de todas as graças a quem usasse a medalha. Dizem também que o ornamento salvou a vida de um funcionário da TAM naquele acidente fatídico e adicionam mais algumas estórias de salvamentos incríveis e, no final, claro, o boleto para sua doação partindo de R$15,00 ou “...o que Deus lhe inspirar a dar”.

Não tenho nada contra atividades comerciais que visam o lucro, mas quando se trata de fé – ou o abuso da boa fé de muitos pela má fé de alguns – aí fico irritado.

Supondo que exista realmente algum objeto que tenha forças e poderes superiores ou desconhecidos que rearranjem a linha dos acontecimentos e distorça a realidade em favor de uma determinada pessoa, é de se supor que esse objeto seja único, raríssimo e, por isso mesmo, valiosíssimo, como a Arca da Aliança procurada por Indiana Jones no primeiro filme.

Cópias da Arca teriam o mesmo poder? Acho que não. Então como as centenas milhares de cópias dessa medalhinha, possivelmente produzidas na China, podem ter algo de especial?
Resposta possível: é a fé que você deposita nelas que proporciona milagres em sua vida.

Ora, se é assim posso depositar minha fé em qualquer coisa que eu carregue o tempo todo, como meu celular, meu iPod, meu pingente com o kanji “Paz Interior” ou minha aliança de casamento.

Mas essas medalhas foram abençoadas com água benta. Como benta? Ah, elas foram molhadas em água que foi exposta às palavras de um pedófilo em potencial, sei...

Nos folhetos, o padre organizador dessa campanha promete incluir nas intenções da Santa Missa os nomes de todos os integrantes da família daquele que colaborar com uma doação, mas não há em lugar nenhum qualquer formulário para envio dos nomes.
Esse padre tem mesmo poderes sobrenaturais e adivinha o nome de todo mundo?

E como é mesmo aquele episódio bíblico de não adorar imagens?...
Sei, católicos se defendem dizendo que isso não é adoração, é uma homenagem ou coisa do tipo. Em dois mil anos tiveram tempo de criar argumento pra tudo...

Aleluia, irmão! Salve Maria! Que Alá esteja convosco! Shalom! Que os céus não lhe caiam sobre a cabeça!...

terça-feira, 8 de julho de 2008

LEI SECA E TOLERÂNCIA ZERO SÃO MUITO DIFERENTES


Brasileiro é um povo besta mesmo. Está tão acostumado à zorra que quando alguém tenta pôr ordem no caos começa a se insurgir, criar argumentos contrários fantasiosos, invocar direitos esquecendo os deveres.

Bastou endurecer um pouco a vigilância em relação aos bêbados ao volante que alguns já questionam a validade da ação. Ora, qualquer coisa é melhor que nada frente ao absurdo que vemos todo dia nas ruas.

Lei Seca é uma definição que se tornou famosa após a proibição ter sido adotada nos Estados Unidos em 16 de janeiro de 1919, quando foi ratificada a 18ª Emenda à Constituição do país, entrando em vigor um ano depois, em 16 de janeiro de 1920. Não deu certo...

No Brasil NÃO EXISTE Lei Seca, mas um dispositivo legal que só vigora durante a época das ELEIÇÕES. O que existe aqui é uma modificação no Código de Trânsito Brasileiro que recebeu esse infeliz apelido por proibir o consumo de qualquer quantidade de bebida alcóolica por condutores de veículos. É algo extremamente razoável frente à nossa realidade com cada vez mais cretinos ao volante.

Na última década do Século XX, o número de mortos em acidentes de trânsito no Brasil foi de cerca de 25.000 pessoas ao ano - 250 mil brasileiros mortos. Para cada morto, 13 outras pessoas sobre­viveram nesses acidentes - 3 milhões de brasileiros feridos. De cada grupo de 13 sobreviventes, cerca de 4 pessoas se tornaram incapacitadas físicas - cerca de 1 milhão de pessoas. (dados da Rede SARAH de Hospitais da Aparelho Locomotor).

Muitos se lembram da implantação do novo Código Brasileiro de Trânsito, não?! Pois bem, o que parecia um duro golpe nos infratores resultou numa pequena redução no número de acidentes e vítimas, no período imediatamente após a implantação do novo CTB, seguido pelo retorno aos níveis anteriores de violência no trânsito, em pouco mais de um mês.

O fato desta mudança de comportamento ter sido tão efêmera nos faz deduzir que este controle social (lei) não foi exercido de forma satisfatória.

Nos EUA, por exemplo, o motorista infrator pode ser preso se não pagar as multas de trânsito, além, é claro, de ter o veículo apreendido. Por que aqui tem que ser diferente? Nossa frota é pequena se comparada à dos EUA. Os dados nos mostram que os brasileiros estão morrendo no trânsito, por ano, mais do que jovens americanos morreram na guerra do Vietnã.

Mas o motorista brasileiro, espertalhão e ainda adepto da Lei de Gérson, essa sim sempre presente por aqui, acha que seus direitos estão sendo violados. Direitos de encher a cara e passar por cima de pedestres, destruir os carros dos outros e outras coisinhas “de menos” se comparadas com sua “necessidade” de beber. Que vá falar sobre seus direitos àquela mãe que chora sobre o corpo do filho ou àquele pai que perdeu mulher e filha num cruzamento.

Ahhh, mas isso só acontece com os outros, não é mesmo?! Eu não, eu tenho controle...

Precisamos aprender a viver com regras. São elas que tornam a vida em sociedade suportável.