terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

MEIO PERÍODO NUM HOME OFFICE


Diversos artigos tratam de uma suposta tendência no mundo do trabalho: os home offices.


Espaço doméstico para profissionais que não necessitam estar diariamente na empresa, o tal escritório em casa é realmente um alívio: você não tem de enfrentar o trânsito e assim pode dormir um pouco mais, pode também dar espiadelas no Facespace ou no MyBook, whatever, pra ver a quantas andam suas redes de amigos, pode ficar de chinelo e, com esse calorão, sem camisa.


Mas nem tudo é um mar de rosas.


Eu montei meu home Office. Passo dias inteiros lá, ou melhor, quase inteiros...


Dez para as oito da manhã, em meu computador já ligado verifico e-mails que podem ter chegado após o encerramento do expediente de ontem (por volta das 21h30, pois não estava passando nada na TV).


Toca o telefone, é a empregada. Diz que não vem porque sua filha menor está com diarreia e febre.


Pronto, sobrou.


Resolvo ir tirar a mesa do café e colocar a louça na máquina. Como não é tudo que vai pra dona Maria eletrônica, lavo algumas coisas na pia mesmo.


As gatas e as cachorrinhas ficam só observando – e atrapalhando meu vaivém pela cozinha.


Aproveito então para limpar a caixa de areia, o banheiro das felinas. Antes de voltar à labuta, melhor já levar as cachorrinhas pra volta matinal na rua, assim fico livre para trabalhar o resto da manhã.
Com o calor infernal que anda fazendo, elas tomam muita água e uma delas não aguenta esperar: bastou abrir a porta do elevador que resolveu soltar um rio Amazonas amarelo ali mesmo, no hall. Subimos de volta, pego pano, desinfetante, desço novamente, faço a limpeza, subo, jogo os panos no tanque, pego as caninas e vou para a volta no quarteirão.


Com aquele casaco de pele, a Shih Tzu se arrasta como um jabuti. Não aguenta um quarteirãozinho só, pede colo. É pouco, 5 ou 6 quilos, mas depois de três dobradas de esquina estou ensopado de suor. Melhor tomar um banho antes de “ir pro escritório”.


Agora sim, vamos ao que interessa... Toca o interfone. Penso em fingir que não estou mas o porteiro me viu subindo. Ao atender, escuto: “...desculpe, eu estava limpando aqui o aparelho e acho que bati a mão no seu número...”. OK, calma, tento me lembrar de minha dúzia e meia de livros sobre Zen budismo e meditação.


Então abro aquele projeto em que eu estava mexendo ontem... Toca o telefone. Atendo, não atendo, atendo, não atendo...

Atendo e me avisam que alguém vem entregar a cortina ainda pela manhã. Justo hoje...


Nesse milésimo de segundo em que me distraí com o telefone uma das gatinhas resolve caminhar sobre o teclado e, numa daquelas coincidências que só em filme de Hollywood existe, consegue pisar na exata combinação CTRL ALT Del ou algo do tipo. Meu arquivo simplesmente some da tela e, em desespero, quase choro quando encontro uma cópia no back up automático, vários minutos depois.


Estou suando de novo. Finalmente consigo responder alguns e-mails, falar com um cliente via Skype, então vou dar andamento naquele...


Toca o telefone. Atendo rápido antes que algo pior aconteça. Uma associação liga pedindo doação em dinheiro. Só não respondo que gostaria que me doassem algum também por que... Bem, vamos trabalhar. Termino o layout para o site de um cliente, adianto o material de escritório de outro...


Toca o interfone. Será que o miserável ainda está limpando aquela mer... Ah, não, o tal cara da cortina chegou. É sempre rápido quando a gente não espera, não é mesmo?


A cachorrada faz enorme estardalhaço quando estranhos entram em casa. Acompanho-o na instalação. Quando o Mário Bros das cortinas (com aquele bigode, só pode ser parente) vai embora, já é hora do almoço e vejo que fiquei sem congelados.


Previa ir ao supermercado só amanhã, mas o dia já está quebrado mesmo.


E isso foi só meio período...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

SOLIDÃO NO CARNAVAL

Assim como a Lua vem depois do Sol e a chuva vem depois das 16h30, aí vem mais um Carnaval.


Como já escrevi anteriormente, meio que “por decreto” a multidão tupiniquim, até aquela de gravatas, ternos, taileurs e escarpins deixa-os de lado para entrar num fantasioso reino de vale tudo.

Muitos dos que passaram o ano todo com comedimento, pessoas até pudicas, de repente, como por encanto, se transformam: homens vestem-se de mulheres, mulheres vestem-se de coisa nenhuma e todos ficam pulando, suando, bebendo, lascivos, sedentos...


Porque não podemos ser lascivos e sedentos o ano todo, mesmo usando ternos e taileurs? Porque é preciso uma festa nacional para se mostrar quem realmente é por baixo da rala camada de verniz? Se Carnaval é uma oportunidade de sexo fácil para muitos, porque esperar o ano todo por esses quatro dias?


Fiquem disponíveis à esbórnia fulltime... Qual o problema? Somos todos adultos, pagamos nossas contas...


No Carnaval todos pulam alegres e felizes. Sorry, não se fica alegre e feliz por imposição de uma data específica. Isso tem outro nome...


E, mágica, todos voltam àquela vidinha mais ou menos na quarta à tarde ou quinta-feira pela manhã.


Não quero escrever uma (mais uma) crítica ao Carnaval. Afinal, analisando mais profundamente, não é o evento anual nem o comportamento das pessoas que me incomoda, mas sim minha (suposta?) solidão.


Não, não me sinto só por não ir pular, não ficar bêbado e suando em bicas num salão ou avenida inundada por barulho (aquilo é música?) ensurdecedor, apertado como sardinha em meio à multidão correndo o risco de ser atropelado por um caminhão de trio elétrico.


Sinto-me só por não ter com quem compartilhar essa minha aversão a tudo isso.


Lembro da época em que minha irmã, dois anos mais nova, saía com a turma de amigos e amigas, primos e primas, todos alegres para a matinê no clube. Eu, criança, já não via sentido em tudo aquilo e ficava sozinho com a Coleção Conhecer, lendo sobre os vikings, sobre as Cruzadas, sobre a chegada à Lua, sobre a vida marinha...



Isso permaneceu até os dias de hoje e, de certo modo, por não haver mais ninguém como eu por perto, fui levado a acreditar que eu era esquisito (ou chato, ou doente, ou maluco, sei lá).


Como seria bom ter tido por perto alguém que não se importasse com a alucinação que toma quase que a todos nessa época, que não ficasse aflito ou aflita por estar ali sentado “enquanto todo mundo aproveita” (?!?), mas que gostasse de ler, como eu, que apreciasse o silêncio, alguém com quem pudesse trocar ideias, filosofar, deixar a mente viajar, falar em voz baixa, contemplando possibilidades imaginárias e, quem sabe, supostamente perceber juntos alguma verdade até então encoberta.


Pessoas assim ficam bem em personagens de filmes e seriados. Duvido que Grisson, ex-CSI, gostasse de pular Carnaval. Mas na vida real, nem o mais simpático personagem tem seguidores quando aquilo que é seu charme vai contra o que a maioria pensa ser normal e está louca pra aproveitar.



terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

2012, NOSTRADAMUS, CALENDÁRIO MAIA...


O paradoxo do FIM DO MUNDO:


- se Nostradamus, o tal Calendário Maia e outros oráculos quaisquer estiverem certos, então não há o que fazer;


- se eles estiverem errados, então não há com que se preocupar.


Esse tal de fim de mundo não tem a menor graça.