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sexta-feira, 2 de julho de 2010

DUNGA E A LIDERANÇA

Como sou um marciano em se tratando de futebol, sempre estranho os comentários durante um jogo: o técnico e os jogadores são os mesmos nos 90 minutos, mas se o time está ganhando todos os comentaristas tecem os mais variados elogios. É só o jogo virar e todo mundo começa a malhar. Esquecem que os que estão ali em campo são os mesmos que há pouco recebiam elogios.


Aliás, um parêntese: na Copa em que Ronaldo “o fenômeno” jogou fiquei tentando enxergar onde estava o fenômeno e não vi nenhum. Nesta agora juro que tentei enxergar “o talento” de Robinho e “o talento” de Kaká, mas também não consegui. Acho que devo parar de assistir às Copas, pois quando assisto os talentos e fenômenos não conseguem se manifestar. Será que o problema é comigo?


Começo a desconfiar que todos os fenômenos e talentos são apenas a necessidade humana de ter heróis ou, em outras palavras, apenas propaganda enganosa... E, claro, sempre há uma boa desculpa para sua não-manifestação: um estava se recuperando de cirurgia, outro não estava 100%, outro isso, outro aquilo. Se é vero, então pq não os deixam em casa? Não é irresponsabilidade levar um enfermo a campo?


Mas a alternância de elogios e críticas não acontece apenas com radialistas: procure na internet (rápido, antes que apaguem) e encontrará diversos artigos com elogios inflamados à “liderança nata” de Dunga e as lições que este técnico nos deixou em planejamento, comprometimento, coerência, atitude, paixão e emoção... E olha que alguns destes artigos foram escritos por “mestre em Administração pela USP”, só pra citar um exemplo. Chegaram a elogiar sua “paciência e simplicidade”, quem diria.


Veja dois parágrafos retirados de artigo na VOCÊ S/A: “Numa batalha travada no palco decorado com as cores e humores do adversário, cercada de polêmicas preliminares e rivalidade histórica, o futebol pentacampeão mostrou insuperável solidez, inesperada inteligência e implacável eficácia. Uma equipe com a inconfundível marca do seu líder”. “Sem dúvida uma história inspiradora para muitos de nós que acabaram de chegar a uma posição de liderança e enfrentam, ainda, a desconfiança de um ambiente altamente competitivo”.

Ou seja: se saísse dessa vencedor, Dunga viraria livro de administração, seria tema de aulas em MBAs, utilizado como exemplo por gurus de estratégias e mencionado em todo o tipo de palestra motivacional e engrandecedoras mensagens de e-mails.


Moral da estória: não importa o que vc faça, quanto você faça nem como faça. Só importa o RESULTADO. É dele que o resto se desenrolará. É ele, e só ele – não seu esforço, nem sua dedicação ou seu sangue, suor e lágrimas – que determinará se você é herói ou incompetente.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Copa, África e "os" vuvuzelas

No carro, voltando pra casa, procurando aguma música decente pra ouvir entre as rádios ouço, de passagem, que a FIFA estava estudando proibir a entrada de "vuvuzelas" nos estádios onde se realizam os jogos da Copa.

De imediato, me ocorreu que deveriam estar se referindo a alguma tribo do interior da África e seus integrantes não muito afeitos às maneiras civilizadas de comportamento aceitas atualmente. 

Talvez andassem nus ou fossem muito agressivos, vai saber.

Logo imaginei os problemas que decorreriam da proibição da entrada destes pobres selvagens nos estádios:  acusações de discriminação, protestos dos defensores de direitos humanos, um precedente perigoso num país conhecido pela segregação racial.

Só ao final da tarde, lendo jornal, que descobri que vuvuzela não era nome de uma tribo, nem de nenhum ser humano e que minha preocupação humanística globalizada não tinha razão de ser.

Realmente, futebol não é comigo.