segunda-feira, 26 de junho de 2017

WE HOTEL CAMPOS DO JORDÃO – BALADA A NOITE INTEIRA




Não se hospede aqui se quiser dormir.

No final de semana de 24 e 25 de junho de 2017, minha esposa, eu e nossa Boston Terrier Cookie voltamos mais uma vez ao We Hotel em Campos do Jordão.

Além de ser em um local agradável próximo ao centro de Capivari, com funcionários simpáticos e instalações muito boas (o aquecedor do banheiro não estava funcionando, o do quarto estava vazando, mas tudo bem...), o hotel é bastante receptivo a cães. São poucos os lugares em que são tão bem-vindos e esse é nosso principal motivo por escolhê-lo.

Mas houve um problema bastante desagradável dessa vez: acordei às 5h00 da manhã de domingo ouvindo um “som de balada” – música e falação em alto volume.

Tentei voltar a dormir mas foi impossível. Fugindo das noites nem sempre silenciosas de São Paulo, era a última coisa que eu esperava enfrentar em Campos do Jordão.

Por volta das 5h30 resolvi interfonar para a portaria e perguntar de onde vinha o barulho e, para meu espanto, o funcionário que me atendeu (Sr. Oswaldo) informou que vinha do jardim da pousada mesmo. Eu pedi que ele tentasse resolver o problema, bastante inadequado para o horário e aguardei.

Próximo das 6h00 da manhã o barulho ainda nos incomodava e minha mulher resolveu interfonar também. Para ela, a explicação foi ainda mais assombrosa: ele informou que Roxana, dona da pousada, havia trazido alguns amigos e estava dando uma festinha, que ela havia dito que o hotel “We Celebration” era, como o nome diz, um local de celebração e nós deveríamos saber disso!...

Horas depois, durante o café da manhã, soubemos de outros hóspedes que eles também ouviram “barulho de festa” logo no início da madrugada. O quarto deles era em outra posição em relação ao nosso, de modo que concluímos que a “festa da dona” deve ter começado num local mais à frente do hotel e terminado no jardim logo abaixo de nossa janela.

Tendo viajado por diversos países mundo afora, mesmo tendo ficado inclusive em “hotel-balada” certa vez em Miami, jamais tive esse tipo de problema, muito menos esse tipo narcísico absurdo de resposta, uma absoluta falta de profissionalismo.


Infelizmente, não será nossa escolha nunca mais.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O CASO DOS BEAGLES E AS PESQUISAS COM ANIMAIS

Para os ignorantes que defendem o Instituto e pesquisas com animais (e também para aqueles que defendem apenas por questões financeiras, obviamente escondidas), um pouco de leitura e cultura fariam bem. 

Poderiam começar pelo clássico dos clássicos "Libertação Animal", de Peter Singer, um dos maiores pensadores de nosso tempo, depois ir para "Jaulas Vazias", de Tom Regan.

Então, com a mente mais aberta, ler um pouco sobre questões gerais de ética em "Ética Prática", também de Peter Singer.

E, se corajosos, assistir - em vídeos disponíveis na web - aos documentários "A Carne é Fraca" (http://www.carnefraca.com.br/) e "Terráqueos" (http://www.terraqueos.org/).

Depois disso, se continuar a defender o uso de animais para seja lá o que for, seu diagnóstico será claro como água: psicopata enrustido.


terça-feira, 19 de março de 2013

APARELHO PARA SURDEZ - TESTANDO...



Meu problema é só no ouvido direito, mas por insistência do Otorrino que acompanha meu caso comecei a usar pela primeira vez o aparelho auditivo. Tudo muito estranho. Alguns sons ficaram muito estridentes, “ardidos”, enquanto outros parecem iguais.
Minha própria voz, dependendo de como pronuncio algumas sílabas mais “abertas”, causa algum desconforto.

TRABALHANDO
Passo os dias no computador trabalhando e ouvindo música (bem baixinho, ao menos para mim) ao mesmo tempo. Em algumas músicas, certos sons me incomodam bastante e ao abaixar o volume de modo que se tornem confortáveis, não ouço a música...

O som de meu teclado nunca havia me incomodado, agora incomoda. Até o clique no botão do mouse é um espanto. Quando o telefone tocou quase caí da cadeira de susto. Vou ter de abaixar o volume ou mudar o tom. Tentei usar o telefone no lado direito, com aparelho, mas não consegui manter conversa: algumas sílabas ficam bem estridentes, outras simplesmente não escuto. E não entendo nada. Telefone, ainda só no ouvido esquerdo.

ASSISTINDO TV
Não notei melhora significativa ao assistir os telejornais ou novela (essa última só hoje, por questões meramente científicas, que fique bem claro). Utilizando os padrões de volume costumeiros na TV, estou escutando bem melhor os ônibus que passam 18 andares abaixo, as buzinas e freadas, mas não o apresentador do jornal.

CONVERSA
No começo das tardes após o almoço há funcionários de uma empresa próxima que ficam sentados do outro lado da rua descansando, aproveitando os minutos finais deste intervalo. Hoje pude ouvi-los, mas apenas ouvi-los: não entendi nenhuma palavra inteira. Na rua, quando um carro passa ouço o som do motor, do arrasto dos pneus no asfalto e um chiado parecido com o utilizado nas audiometrias. Isso incomoda e me atrapalha. O aparelho (ou meu ouvido problemático) também parece traduzir o vento como chiado de audiometria.

ALMOÇO “POR QUILO”
Uma das situações em que a perda auditiva me incomoda é quando tenho encontros em bares ou restaurantes muito barulhentos. Parece que ouço tudo, menos as vozes da pessoas com quem deveria conversar. Hoje, almoçando num restaurante “por quilo”, fui o tempo todo atormentado com o que só consigo traduzir como “som do vento no microfone”. Já viu uma matéria televisiva ou documentário, quando vão fazê-lo no deserto ou numa praia com muito vento e microfone sem proteção adequada? É aquele nada adorável som... Como numa audiometria com o chiado, mascarou todo o resto e me atrapalhou bastante. Havia um pessoal conversando na mesa ao meu lado direito. Eu ouvia algumas sílabas estridentes, mas não entendia a conversa.

EMPREGADA DOMÉSTICA
Os aparelhos auditivos deveriam ter uma regulagem à prova de empregadas domésticas. Quem inventar fica rico. Pratos, talheres e outros sendo guardados e portas de armários batendo  lá na cozinha pareciam o início da terceira guerra mundial. Quando ligou o aspirador de pó, preferi manter minha sanidade  e tirei o aparelho. O som das havaianas batendo no chão... Vou comprar uma pantufa pra ela.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

DIA DO ELEFANTE - J.R.GUZZO ESTÁ GAGÁ



Na última página da edição 2309 da revista Veja (20/02/2013), J.R.Guzzo, diretor editorial do grupo Exame, critica de uma maneira pretensiosamente sarcástica (talvez para tentar exibir inteligência e superioridade intelectual) mas um tanto jocosa a celeuma sobre o caso de dois elefantes num zoo na França, acometidos de tuberculose e questões sobre direitos animais em pauta nos EUA.

Não vou reproduzir aqui o artigo e as opiniões de Guzzo, mas gostaria de observar que:

- em primeiro lugar, o autor deveria se informar melhor, ler um pouco sobre questões éticas e filosóficas sobre os direitos animais, principalmente obras de autores mundialmente reconhecidos como "Jaulas Vazias" de Tom Regan, o clássico "Libertação Animal" de Peter Singer e "Ética Prática", também deste último, no mínimo;

- em segundo, ao criticar os governos francês e americano por estarem investindo uma parte de seu precioso tempo em questões que o autor parece entender como "menores", esquece os princípios mais fundamentais da Democracia, regime dos tempos da Grécia antiga que ele deveria conhecer. Citando um personagem histórico ainda mais famoso atualmente por causa do cinema, no Discurso de Gettysburg Abraham Lincoln proferiu a célebre frase: "o governo do povo, pelo povo, para o povo". Desse modo os governantes de França e EUA estão, além de capitalizando sobre a causa e ganhando simpatia de parte do público votante, atendendo aos apelos do povo que os elegeram, ou seja, apenas cumprindo suas obrigações democráticas.

J.R. Guzzo apresenta um raciocínio turvo, míope, uma mente em descompasso com seu tempo ou, talvez pela idade, já não funcionando a plenos neurônios.

Sr. Guzzo, até o Papa renunciou. Não está na hora de se aposentar?


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

PUBLICIDADE NO FACEBOOK


Já li e também escrevi diversos artigos sobre as empresas anunciarem ou marcarem presença no Fêicebúque. A coisa não é tão simples quanto parece e, agora começam a descobrir, não é um mar de rosas também.
Sandipan Deb, analista do Mint – parceiro indiano do The Wall Street Journal – escreve que “...Mark Zuckerberg criou a maior atividade de desperdício de tempo de toda a história da humanidade. E quase um bilhão de pessoas aderiu. Agora, ele não sabe o que fazer com elas”, referindo-se à vertiginosa (e contínua) queda do valor das ações do FB na bolsa.
Isso se deve ao simples fato de que a rede social não apresenta lucros. E pior: baseando seu faturamento em publicidade, empresas e analistas especializados começam a descobrir milhões de perfis falsos e “likes” (curtir) feitos por robôs e não por pessoas.
Ao menos 83 milhões de usuários do Facebook são falsos”, escreve Deb. “De forma muito simples, um hacker malicioso pode usar sua habilidade para produzir perfis falsos em massa, fazê-los enviar convites a amigos, páginas de likes, ou quase qualquer coisa que alguém de carne e osso faria”. Pesquisas de empresas de segurança também confirmam esse fenômeno.
Rory Cellan-Jones, jornalista da BBC, abriu uma página para uma empresa chamada VirtualBagel, com uma simples (e absurda) promessa: “Vendemos bagel (um tipo de pão) via internet – você só precisa baixar e curtir.” Então ele pagou US$ 10 por anúncios no Facebook, e definiu sua audiência-alvo: pessoas com menos de 45 anos interessadas em culinária e eletrônicos de consumo, residentes nos EUA, Reino Unido, Rússia, Índia, Egito, Indonésia, Malásia e Filipinas. Em 24 horas, ele conseguiu 1,6 mil “likes”. 
Quem eram essas pessoas? Na verdade, muitas não eram sequer “pessoas”. Muitos dos “likes” da VirtualBagel na verdade eram gerados por “bots” – programas que desempenham tarefas repetitivas na internet, em geral simulando atividades humanas. Que ser humano tentaria fazer o download de um bagel?!?...
E ninguém sabe em que medida as respostas aos anúncios do Facebook vêm de bots. Isso é péssima notícia para uma empresa cuja receita depende quase que inteiramente de publicidade, com um modelo baseado em custo por clique das respostas. Bots que criam spams de “likes” subvertem seriamente o valor do Facebook como meio publicitário.
Como diz a propaganda na TV, “...E tem mais!”: dia desses, no rádio do carro ouvi algo como “...basta curtir nossa página no Facebook e nos seguir no Twitter e já estará participando de nossa promoção...”.  Noutro caso, eu mesmo me vi obrigado a clicar em “curtir” para poder ler um artigo ou antes de entrar numa certa página.
Oras!! Mesmo quando os “curtir” são feitos por gente de verdade, de carne e osso, acredito que raramente eles tem o sentido de ter gostado do que se viu ou leu ou como uma recomendação aos demais internautas. Em sua grande maioria, não são nada mais que o “preço” que algumas empresas impõem – um tipo de chantagem ao meu ver - para que o indivíduo possa participar de uma promoção ou simplesmente ler um artigo.
Sabendo disso e já tendo sido documentado por vários estudos que a quantidade de seguidores não representa aumento de vendas na quase totalidade dos casos,  acionistas, investidores e agências de publicidade começam a torcer o nariz para aquela que prometia ser a grande nova fonte de acesso fácil a consumidores ávidos por comprar qualquer coisa.
A conclusão: ter uma enorme quantidade de “curtir” não significa absolutamente NADA.
Ah! E não confunda anúncios no Facebook com os do Google AdWords: deste segundo é muito fácil verificar a eficácia. Basta analisar a audiência de seu web site ou blog antes e depois de iniciar uma campanha.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

BRASILEIROS PREFEREM FAST FOOD?...


Recentemente foi divulgado o resultado de uma pesquisa da Shopper Experience sobre os hábitos dos consumidores do país em relação ao serviço de alimentação.

Segundo eles, cerca de 74% dos brasileiros afirmam que preferem ir a fast foods ao invés dos restaurantes tradicionais.

Não sei não...

Essa pesquisa me lembrou de uma outra "pesquisa" que a Mercedes, fabricante de veículos, supostamente fez aqui no Brasil antes de lançar o famigerado Classe A, carro que agora, retrospectivamente, todo professor de curso de marketing gosta de criticar.

A empresa despachou o engenheiro Hans pra cá e mandou que ficasse sobre o Viaduto do Chá anotando num caderninho os carros que passavam embaixo. E a cada carro que passava, Hans anotava:

- Carrinha pequena... Carrinha pequena... Carrinha média... Carrinha pequena... Carrinha pequena...

Em pouco tempo o engenheiro Hans enviou sua pesquisa e conclusão à matriz na Alemanha: "Brasileirro gostar carrinha pequena...".

Pronto! A mundialmente famosa marca de automóveis pôs-se a fabricar o tal Classe A.
Viram no que deu?!...

Ninguém contou ao Hans que brrasileirro não gosta de carrinha pequena não, mas é o que dá pra comprar com o que a maioria ganha por aqui (quando dá) versus os preços absurdos de nossos carros.

O mesmo vale para fast foods versus restaurantes. Tenho colegas que recebem vale-refeição em torno de R$11,50 a R$19,00. Com isso, realmente...

Por isso, cuidado com as pesquisas e mais cuidado ainda com as interpretações tendenciosas, equivocadas ou, até mesmo, ingênuas.



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A DURA VIDA DE PUBLICITÁRIO ou OS NÚMEROS NÃO MENTEM JAMAIS!


Atuando desde 2007 como autônomo em marketing, publicidade e comunicação juntei alguns números por pura curiosidade e até arrisquei algumas conclusões.

Óbvio que, estatisticamente falando, a amostra é pequena e não reflete a totalidade da população mas, como no título desta mensagem, os números não mentem:

- vivemos num país miserável. De cada 10 contatos recebidos solicitando criação de logotipo, 8 desistem do serviço por causa do preço cobrado. Tenho até vergonha de dizer que para esse trabalho cobro entre ridículos R$150,00 e R$200,00 e, mesmo assim, alguns quase-clientes me disseram não poder “investir tanto” no momento;

- vivemos num país culturalmente miserável. Apenas 2 em cada 10 contatos recebidos entendem a importância de um design profissional ou percebe as implicações por trás da criação de um logotipo para seu negócio, de um bom layout para seus materiais ou web site e aceita pagar por isso;

- 4 em cada 10 clientes querem que eu envie layouts com ideias antes de me contratarem (sendo que meu portfólio está on line e por ele é possível analisar a qualidade – boa ou ruim - de meu trabalho). Ora, trabalhar nas ideias já é meu trabalho ou, em outras palavras, ter ideias (cérebro trabalhando) é 90% de meu trabalho. Os outros 10% são puro “braço”;

- 6 em cada 10 tem dificuldade de entender que o trabalho de criação demanda tempo e conhecimentos obtidos com muito esforço (anos pesquisa, cursos, experiências, tentativas e erros...) e que isso tem um custo;

- os mesmos 6 em 10 não veem diferença entre um profissional e “o filho do vizinho que mexe bem com computador” ou “o sobrinho que esmirilha no coréudráu”;

- 2 em cada 10 perguntam se podem pagar meus serviços com seus próprios produtos ou serviços. Concordarei com isso quando eu puder pagar o IPTU, Eletropaulo, Comgás,  IPVA e Telefonica também apenas com meus serviços e nenhum tostão em dinheiro;

- ninguém diz ao dentista como fazer a obturação ou ao cirurgião onde ele deve cortar, mas 8 em cada 10 acha que entende tudo de design, diagramação, composição, equilíbrio, cores e fontes, algumas vezes transformando trabalhos bons em terríveis Frankensteins com suas opiniões e solicitações de alterações;

- de cada 10 contatos recebidos para serviços diversos, 5 eram de pessoas aparentemente religiosas (notei pelas “assinaturas” ou mensagens em seus e-mails, coisas como “agradeço ao Senhor por isso ou aquilo...”  ou “O Senhor... alguma coisa”. Esses pechincham até não mais poder e, quando atingimos o limite de negociação (apesar de eu cobrar valores já baixíssimos), 4 caem fora. O que fica, tenta me pagar “orando por mim” ou dizendo que receberei graças do Senhor. Prefiro o meu em dinheiro;

- apenas 2 em cada 10 clientes se lembram de pagar conforme o combinado ou nas datas combinadas, mas 100% lembram de ligar cobrando algum serviço antes de terminado prazo combinado;

- 6 em cada 10 incluem no texto de nosso contato inicial que “...estou montando um negócio agora e não disponho de verba...”. Ora, alguém entra numa loja para comprar um carro não tendo “verba”?;

- dos 6 acima, 5 propõem “...crescermos juntos...”, que na verdade significa “um dia, se tudo der certo (e se lembrar de você na época), te pago”.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

VÍCIO


Vício...
É assim que chamamos algo oposto à virtude.

Segundo Margareth Mead, “A virtude é quando se tem a dor seguida do prazer; o vício, é quando se tem o prazer seguido da dor”.

Não se deve confundir ingenuamente vício com mania. Vício é aquilo que lhe perturba clamando por satisfação, como uma voz que não lhe deixa pensar direito, que lhe rouba a atenção que deveria ser voltada a coisas importantes, mas não, ele incomoda tanto quanto possível enquanto você não para tudo e vai lá satisfazer seu vício.

Você esquece compromissos, perde horários, fica desatento com coisas e pessoas por causa do vício.

Para a psicologia comportamental o vício é resultado de uma construção orgânica, desencadeada pelo reforço de uma relação entre estímulo e prazer químico, ou ainda, é uma questão puramente biológica, em detrimento da abordagem simbólico-linguística que a psicanálise Lacaniana enuncia.

O vício é como a Serpente no Paraíso. Ele o persegue, tenta-lhe por todos os lados, destrói sua resistência, derruba ordens de Deus e faz com que você, debilitado, atenda-lhe.

O vício escraviza. Alguns até conseguem largar o cigarro, outros se tratam e acabam vencendo o álcool, mas do Vício, com V maiúsculo, ainda não se tem notícia de que alguém tenha escapado.

Eu tento resistir, me seguro à cadeira, tento pensar em qualquer outra coisa mas ele invade minha mente, distorce minha visão, bloqueia minha audição, retorce meu estômago, fraqueja minhas pernas...

Eu tento, me esforço de verdade, mas já não posso mais resistir...

Doritos Dipas é foda!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

OLHA A FILA...



Estava ontem na fila do América para almoçar e não paravam de chegar idosos e casais novos com bebês (em carrinhos, dormindo) e todos passavam em nossa frente “por uma questão de prioridades”...

Ora, os bebês dormiam em seus carrinhos, não estavam no colo de uma grávida. Sossegados, nem iam almoçar ali – seus almoços estavam ou no peito da mãe ou na enorme bolsa que carregavam.

No extremo oposto, idosos que passeiam pelo shopping não devem estar tão mal de saúde assim, certo? Aquelas caras de cansaço e dor só faziam na porta do restaurante. Bastava a moça mandar entrar que a fisionomia mudava, entravam sorrindo e saltitantes.
Aposto que alguns deles até corriam a São Silvestre... Mas na porta do restaurante, oh, dor, oh vida...

Eu havia reparado bem, muito bem, na fila e sabia exatamente a ordem de chamada, mas minha vez nunca chegava. Quando a mocinha parecia que ia nos chamar, lá vinha mais um casal com bebê ou crianças e passavam na nossa frente.

A tal mocinha olhava pra nós, parecia que era a hora, mas não, lá vinha uma família quase que carregando uma senhora (que depois de almoçar vi andando saudavelmente pelo shopping, admirando as vitrines). Pô! Parecia que tinham aberto as porteiras do berçário e do asilo ao mesmo tempo!

Acho que vou montar um novo negócio: “aluguel de bebês e idosos” para pessoas que gostariam também de poder desfrutar desse tipo de vantagem em bares, bancos, supermercados.

Ah, um detalhe: não estava usando nada, mas me recupero ainda de uma dolorosa torção no pé. Será que a mocinha teria acreditado em mim? 

Da próxima vez que for ao shopping em horário de pico, vou de RobotFoot...

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

EU QUERO TER UM MILHÃO DE CONTATOS...

Olá leitor.
Há tempos estou sumido do blog, não é mesmo?

Eu sempre disse que mudança de endereço é um pesadelo e reforma de imóvel é um inferno. Pois bem, tive um "pesadelo no inferno": tive de me mudar e o imóvel para onde vim ainda estava (está...) em fase final de reforma...

A empresa que fez minha mudança (nada nada barata) bem que poderia se chamar Tsunami. E o pessoal da reforma, apesar de coordenados por um arquiteto, são como praticamente todo tipo de prestação de serviços aqui no Brasil: deixam muito a desejar. Falta de programação, marcam certa hora e chegam três horas depois (isso quando vem no mesmo dia), serviços que precisam ser refeitos (por terem sido mal feitos ou mal pensados previamente), desperdício...

Isso sem falar que saí de um imóvel enorme e vim tentar me encaixar num bem pequenininho. Ainda há caixas de papelão que não tenho vontade nem energia para mexer.

Mas não era isso que eu gostaria de postar hoje. O assunto é outro.

Eu me retirei, há tempos, do Orkut e do Facebook. Me chamem do que quiserem, mas eu realmente não via nada de bom nem de interessante nessas redes. Cansei de ver posts sobre o que fulano tomou no café da manhã ou fotos do cachorro de sicrano dormindo. Sinceramente, achava pura perda de tempo.

Mantive meu perfil apenas no LinkedIn, rede mais voltada ao "profissional" (ou assim eles pensam ser) e oportunidades de trabalho e negócios.

Mas mesmo no LinkedIn tenho notado coisas que me deixam com uma pulga atrás da orelha: tem pessoas que parecem "colecionar" contatos como se fossem figurinhas, selos ou chaveiros. Apesar de haver estudos (científicos, dizem os autores...hmmm...) mostrando que pessoas conseguem na verdade administrar uns 150 "amigos", tenho visto gente que passa em muito esse número.

O que fazem com tantos contatos? Eles contatam todos os contatos ou guardam para uma possível necessidade no futuro? Com tantos contatos, a pessoa se lembra de todos que tem? Se relacionou com todos eles ou apenas "adicionou" (ou seja, colocou na coleção)? Porque diversas pessoas, as quais não conheço e nem atuamos em áreas semelhantes, querem me adicionar? E depois de "me adicionarem", nunca me contatam para nada? Nem trocamos nem uma piada sequer!

E não só isso: algumas pessoas além de colecionarem contatos de modo obsessivo também seguem tantas empresas ou produtos que acredito que o dia delas tenha mais horas que o meu. Sei lá, talvez o tempo flua de modo diferente na dimensão que essas pessoas vivem. Para seguir com atenção tudo o que clicam em "seguir" o dia para mim teria de ter ao menos 52 horas... Ou então não tem outra coisa a fazer...

Não estou aqui criticando as redes sociais em si, isso é assunto para sociólogos, psicólogos e especialistas diversos, observadores da atualidade, mas o modo como algumas pessoas as usam. Duvido que tirem real proveito de suas coleções de contatos ou coisas que seguem. 

Alguém já disse que o mais importante é a qualidade e não a quantidade. Nesse caso, seria a qualidade das relações que mantem (ou pensam manter).

Enquanto colecionam contatos e seguem desesperadamente quase qualquer coisa, algumas pessoas não devem saber disso...

terça-feira, 3 de maio de 2011

ATÉ OS GIGANTES ERRAM...

Por formação e também por hábito, desde os tempos de faculdade eu costumo “ler as entrelinhas”  dos anúncios e comerciais, mesmo não acreditando nas mundialmente famosas mensagens subliminares (que todo meio publicitário insiste dizer que não existe – ora, se não existe, porque tanto esforço em negá-las?). Não acredito também nas teorias conspiratórias sobre controle da mente pela mídia. Isso na verdade acontece, mas com quem tem miolo mole...

Mas o caso abaixo não foi nem um nem outro, foi apenas uma “bolaça” fora, aprovada por clientes endinheirados e diretores de criação enfastiados. 

Notem a frase que fecha o comercial:


Não notou nada?...
Pois é: as mulheres evoluíram evoluíram, evoluíram... E agora parecem homens. Só falta deixar crescer a barba.

Mesmo sendo um representante da ala masculina, tenho sérias dúvidas de que isso é “evolução”. Charles Darwin deve estar se revirando na tumba...

Será que as milhões de donas de casa se identificaram com o trio aí?

Será que nós homens também vamos evoluir, evoluir, evoluir e... Ai meu bem, essas “luzes” em seu cabelo ficaram ótimas, hein!?




sábado, 23 de abril de 2011

A Origem da Páscoa – versão Science Fiction



Em um lugar remoto do Universo, Pahz Khoa, um ser poderosíssimo, observava.

Com um tamanho 200 vezes maior que o Sol, sua razão de existir era manter os planetas livres de doenças, de vermes parasitas que pudessem colocar em risco seus equilíbrios naturais, seus ecossistemas.

Por zilhões de anos Pahz Khoa manteve a ordem e limpeza nos planetas de vários sistemas solares. Bastava ver que um planetinha começava a ficar infestado de vermes, pimba!, lançava seus raios cósmicos-megaplasmáticos, eliminava toda a infecção do planeta e tudo voltava ao normal.

Certa vez, meio sem querer, Pahz Khoa notou que num planetinha azulado comaçava a proliferar uma peste bípede. Eram serezinhos bem desprezíveis, não traziam nada de bom ao planeta mas se achavam os reis da cocada preta, se sentiam o centro do Universo, como se este tivesse sido criado para eles.

Pahz Khoa abriu sua planilha de projeção de evolução de espécies em seu iPaedh e se assustou quando viu que, em pouco mais de 2.000 anos – um piscar de olhos para ele – aquela especiezinha nojenta iria colocar o planetinha azul em sério risco.

Ele já preparava sua pontaria quando em seu smarthphoneae um alarme soou. Era um aviso sobre uma das regras do manual de limpeza e conservação do Universo: antes de eliminar uma espécie, ele precisava verificar, observar de perto se realmente deveria acabar com ela.

Mas havia dificuldades nesse caso. O planeta era muito pequeno, os seres da peste bípede que o infestava eram minúsculos, difíceis de enxergar. Pahz Khoa já tinha alguns trilhões de anos e sua vista andava meio cansada...

Então ele teve uma ideia: utilizando-se de seus incomensuráveis poderes e controle absoluto sobre suas formas e células, como que num processo de mitose fez com que um minimicrominúsculo pedaço de si mesmo cruzasse o espaço sideral e se depositasse dentro de uma fêmea da praga, emprenhando-a. Assim ele se transformaria num daqueles seres e poderia observá-los bem de perto.

O microscópico pedaço de Pahz Khoa nasceu como um ser daquela espécie prestes a ser dizimada, viveu entre eles e andou aprontando algumas interferências não permitidas, como fazer cegos enxergarem, levantar mortos das tumbas e transformar água em vinho numa festa repleta de menores de idade.

Ao ficar sabendo disso, seu chefe no departamento de limpeza universal ficou furioso. Mas antes que pudesse ser julgado e punido pelas interferências não autorizadas, Pahz Khoa fugiu, sumiu no espaço sideral.

O chefe, não conseguindo encontrá-lo em nenhum canto do Universo, pensou numa maneira macabra de fazê-lo aparecer: iria manipular os seres da praga naquele planetinha azul de modo que prendessem e torturassem da maneira mais cruel, sádica e sanguinária aquele ser que era na verdade um pedacinho de Pahz Khoa.

Como num vudu cósmico, imaginava que espetando, esfolando, chicoteando, esfacelando, esgarçando a pele daquele serzinho Pahz Khoa também sentiria o mesmo tormento e, não aguentando, retornaria para ser julgado.

Não adiantou nada. Pahz Khoa continuou desaparecido nos confins do Universo, nunca mais voltou. O chefe dele, por essa interferência também indevida, foi punido e teve de deixar o cargo.

E lá, no planetinha azul, a praga continuou sua marcha rumo à devastação.

quinta-feira, 10 de março de 2011

ANTICLIMAX


Em cursos superiores ou de especialização e em MBAs na área de marketing, todos que puderam estar em suas salas de aula viram como as estratégias de abordagem ou alcance do consumidor mudaram.

Há algum tempo, muito mais que as qualidades do produto ou serviço em si, fala-se muito da experiência do consumidor com aquilo que ele adquire. Essa tal experiência não trata apenas do uso ou manuseio do produto ou serviço, mas algo muito mais abrangente. Para não me estender demais, diria que começa na aparência da loja, seja ela real ou virtual e vai até além do pós-venda. Se tudo der certo, nem termina.

Há poucos, infelizmente, muito poucos casos assim, em que todas as ferramentas de marketing são utilizadas com maestria em sua máxima potência.

Quem já comprou algo numa Apple Store, como a da 5ª Avenida em Manhattan, sabe do que estou falando. A loja é um show à parte, os atendentes muito bem treinados e solícitos, você pode experimentar, manusear os produtos ali nos diversos balcões e se comprar um iPad, por exemplo, terá uma aula de como ligá-lo e configurá-lo. Ao adquirir um aparelho desses é como se você passasse a fazer parte de um universo singular, um “clube”, e tem uma infinidade de programas para baixar, testar, comprar. A experiência começa antes de você entrar na loja e, de certo modo, não termina nunca.

Outro exemplo – e era desse que eu queria falar – é da Nespresso. Você com certeza já deve ter visto uma de suas lojas com ambientação sofisticada, as máquinas muito bem expostas, atendentes muito bem vestidos e treinados, as cápsulas de cafés decorando as paredes...

Ali também a experiência começa antes mesmo de entrar na loja e, novamente, se tudo der certo, nunca termina. Aqui você também tem a sensação de passar a fazer parte de um grupo seleto, recebe até um cartão (uma carteirinha do clube?!) para suas futuras compras de cápsulas de café pelo teleatendimento ou internet. Eles entregam em casa.

Os materiais impressos que acompanham as máquinas e as cápsulas de café são de muito bom gosto, excelente layout, ótima qualidade de papel. Folhetos explicativos, manual da máquina, estojo para cápsulas. Tudo lhe é entregue mediante explicações pacientemente detalhadas dadas pela atendente, mesmo que a loja esteja transbordando de clientes. Haja sangue frio...

Então você está feliz, comprou sua Nespresso, comprou também uma caixa com todos os dezesseis tipos de cafés que suas papilas gustativas jamais conseguirão diferenciar totalmente, não vê a hora de ler todo o manual sobre as moagens e combinações de Arábicas com Robusta e acomodar as cápsulas naquele estojo bacana para impressionar suas visitas.

Você abre a caixa eufórico, coloca a máquina sobre a pia da cozinha, mas num canto especial, enche o recipiente posterior de água filtrada, escolhe uma cápsula para fazer sua primeira degustação, pega o cabo para conectá-la à tomada na parede e...

...E só então percebe que o plugue da máquina tem três pinos e a tomada na parede tem apenas dois furos.

Você não põe a culpa na Nespresso, obviamente que não pois eles fizeram o dever de casa direitinho. A culpa é sua de não ter atualizado as tomadas de sua casa de acordo com as novas normas brasileiras – únicas no planeta, só aqui essa aberração ocorreu.

Mais que depressa pega o carro e voa até uma Telhanorte, Leroy Merlin ou C&C para comprar um adaptador. Procura, procura, procura, desiste. Pergunta para um vendedor e descobre que não existe adaptador de 3 para 2 pinos. Você terá de trocar a tomada da parede.

OK,  é baratinho (comparada com a máquina de café e a caixa de cápsulas). Compra uma e corre pra casa.

Aquela experiência chique, quase mágica de tomar um café de primeira numa máquina de design diferenciado fica um pouco pra mais tarde, depois de sua atuação como eletricista.

Tomada nova no lugar, vamos ligar a máquina e...

...E os pinos não entram. Você tenta, tenta, se contorce, mas eles não entram. Algo deve estar errado com essa tomada, claro! Você volta à loja – que não é nem de longe tão bacana quanto à loja da Nespresso, mas fazer o quê – e reclama com a atendente. Aí você descobre que o aparelho deve exigir uma tomada de três pinos de 20 ampéres, mais largos que os tradicionais.

Compra mais uma tomada, volta pra casa estressado, cansado, desliga a chave geral de novo, tira a tomada nova, coloca a mais nova e então...

...Ah, que maravilha de café.

Então, agora menos irritado, você se pergunta: de quem é a “culpa”? Adiantou todo o esforço de marketing - do design das máquinas à elaboração esmerada do estojo para cápsulas - para, na hora H, dar tudo errado por um mero detalhe? Só eu fui vítima desse detalhe? Será que é porque “não é chique” ficar dando explicações sobre tomadas e amperagens durante a conversa sobre as famílias aromáticas dos Grand Crus que ninguém na loja nos avisa disso?

O marketing da “experiência do cliente” é caro, sofisticado, inteligente, abrangente mas chega quase a ser um enorme desperdício de recursos, nesse caso, por causa de uma simples tomada.



domingo, 20 de fevereiro de 2011

QUE RADIOHEAD QUE NADA...

...revolucionário mesmo é Rogério Skylab!

Aliás, há que se reparar que tanto Thom Yorke como Rogério Skylab tem um dos olhos meio caídos.

Será que esse é um traço de genialidade comum a músicos extremamente criativos e/ou fora do padrão?




Bem, de qualquer modo, segue um "preview" da obra de Skylab:

EU TÔ SEMPRE DOPADO - http://www.youtube.com/watch?v=n-9uVnoGcuc

VOCÊ É FEIA - http://www.youtube.com/watch?v=JutqfvUF9wQ&feature=related

EU TÔ PENSANDO - http://www.youtube.com/watch?v=TCueOgxRacA&feature=related

OFICIAL DE JUSTIÇA - http://www.youtube.com/watch?v=A975uBnAJJg&feature=related

TEM CIGARRO AÍ? - http://www.youtube.com/watch?v=5VNLnIDneb0&playnext=1&list=PLBBB79648D2A4FD6A

E muitas outras...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CONFESSO QUE ESTOU CONFUSO

Pensar nas pessoas que conheço, alguns amigos, alguns conhecidos, alguns parentes próximos, outros distantes me deixa confuso.

São pessoas de bem.

Não cairia no clichê de dizer que são cidadãos exemplares, até porque nunca vi suas declarações de IR, mas são gente comum, que trabalha duro para garantir a sobrevivência e algum conforto para suas famílias.

Alguns são mais seriamente religiosos, outros menos, porém espiritualizados. Aparentemente levam suas vidas dentro dos padrões social e moralmente aceitos como corretos em nosso tempo.

São, também, pessoas inteligentes, bem instruídas, cultas em relação à grande maioria, com boa ou ótima formação, bem informadas e com acesso aos mais variados jornais, revistas, livros, rádio, cinema, teatro, TV e internet.

Todos, sem exceção, acreditam no bem, em Deus, no valor absoluto da vida, tem seus padrões de certo e errado definidos em parte pela religião, em parte pela cultura, hábitos e costumes que passam de geração a geração, com pequenas evoluções caso contrário ainda estaríamos escravizando afrodescendentes e cuspindo catarro nas escarradeiras que antes decoravam as salas de visitas da burguesia paulistana (sério, escarrar durante uma visita era chique!).

Somando tudo isso – e mais alguns fatores que não me lembro de citar no momento – meu cérebro se retorce em angustiantes exercícios mentais para tentar entender o motivo de fecharem os olhos para o que considero importantes questões morais e éticas: os direitos animais e o vegetarianismo.

Que direitos animais? Bem, o direito à vida ou, no mínimo, ao não sofrimento.

Quando mastiga um bife, talvez você pense “...oras, não fui eu quem maltratei nem matei esse ser vivo...”. Esse é o pensamento do tipo Don Corleone, o poderoso chefão: ele não matava, nem degolava, nem fuzilava. Ele mandava e financiava. Quando compra um simples quibe é como se você fosse Don Corleone, pagando à lanchonete, que paga ao fornecedor de carne, que paga ao matadouro, que paga ao criador. Você financia a matança, o sofrimento.

Como podem essas pessoas aparentemente corretas fingirem que não sabem o que se passa nas fazendas de criação e nos matadouros e ainda seguirem em frente cravando os dentes num bife que outrora era um ser vivo?

Como pode uma pessoa que se afirma religiosa e critica o aborto, pois para ela a vida é um valor absoluto, não se importar com a vida que se extinguiu para que ela pudesse saciar sua gula com o que ela chama de “deliciosa picanha”?

Dizer que “a Bíblia permite” é uma afronta à inteligência de qualquer um que já tenha lido ao menos um pedacinho deste livro, pois a Bíblia também permite escravizar pessoas, matar a pedradas, oferecer filhas virgens à turba de invasores, etc., etc.

Dizer que “é costume” também chega a ser idiota discutir, pois os costumes, como citei num parágrafo anterior, evoluem (e as pessoas, ao menos em teoria, evoluem com eles e vice-e-versa).

Se só Deus pode dar e tirar a vida, porque essa regra só serve para algumas vidas e não todas?

Será que, para elas, animais são “coisas”, como uma cadeira ou um abajur, e não “indivíduos”?

Será que é assim que deve ser, termos moral e ética seletivas, optativas, ou seja, adotar como correto somente aquilo que nos interessa e descartar como bobagem aquilo que nos incomoda?

Será que eu estou errado? Será que é bobagem considerar animais como seres que também tem direito à própria vida e liberdade?

Tempos atrás eu havia prometido a mim mesmo que deixaria de atormentar as pessoas com essa questão pois vegetarianos insistentes como eu são comparados àqueles religiosos que teimam em nos levar pra igreja ou, pior, àqueles malas-sem-alça alucinados por um jeito excepcional de ficar rico com Marketing Multi Nível tipo Amway ou aqueles do “Quer emagrecer? Pergunte-me como”. Li também que as pessoas iriam começar a me odiar por fazê-las sentirem-se mal obrigando-as e se confrontarem consigo mesmas.

Então eu tive que fazer uma escolha moral – e escolhas morais nunca são fáceis: me tornar um chato de galocha, indesejável para muita gente ou, como a grande maioria, fechar os olhos para a questão e fingir que nada disso existe, que o sofrimento animal é pura fantasia.

Daí eu lembrei de duas frases:

“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons” - Martin Luther King

“Tome partido. Neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado”. - Elie Wiesel

Talvez eu seja apenas um cara problemático, confuso, meio perturbado ou então a soma disso tudo e mais algumas.

Mas é sério: entre tantas outras dúvidas, eu realmente gostaria de entender porque as pessoas fecham tão facilmente os olhos para isso. Talvez até me convença de que o errado sou eu.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

SE EU QUISER FALAR COM DEUS...


Gilberto Gil, em 1980, compôs uma música bem legal sobre isso:

Se eu quiser falar com Deus

Tenho que ficar a sós

Tenho que apagar a luz

Tenho que calar a voz...

Mas ele estava enganado! Ou melhor, a tecnologia o tornou ultrapassado.

Não, você não precisa mais calar a voz, pelo contrário: basta ter um iPhone e baixar nele o aplicativo “Confession: A Roman Catholic”, disponível na Apple Store por apenas US$1.99!

O software foi desenvolvido pela empresa Little iApps, de Indiana (EUA), com a supervisão de um padre e foi o primeiro produto desse tipo a ser aprovado pela Igreja Católica, segundo reportagem da Reuters.

Ao contrário do que pregava Gil, uma viagem introspectiva em que se revirava a alma do avesso, agora você pode ter seu contato divino até mesmo enquanto faz as unhas no cabeleireiro, come batatas fritas num boteco da Augusta ou espera o trem do metrô chegar.

Seus pecados não são mais um problema! Não os carregue nas costas sozinho: divida com Deus todos os seus deslizes (e com a Apple e com a Igreja Católica, que deve receber parte dos lucros das vendas do software e das ligações confessionais)!

O Vaticano ainda não se manifestou, mas fontes fidedignas confessam que já estão em produção outros softwares na mesma linha:

- The Electronic Communion Wafer – A Hóstia Eletrônica - somente se você já instalou e utilizou o “Confession” poderá também baixar e utilizar esse: ele envia uma imagem de hóstia à tela de seu iPhone. Como não dá para engoli-la, a Igreja Católica considera que as exigências Eucarísticas satisfeita se você lamber a tela de seu iPhone com a imagem da hóstia eletrônica. Apenas US$0,99 na Apple Store;

- Candles for Your Saint – Velas para seu Santo – se você está sem tempo de ir à igreja acender uma vela para seu santinho preferido, não tema! O Vaticano e a Apple já tem a solução de seu problema: através desse software você acessa imagens de todos os santos católicos e com um simples comando na tela multitouch de seu iPhone uma vela se acenderá para ele. Funciona mais ou menos como os antigos Tamagotchi, a diferença é que para manter seu santo satisfeito basta acender uma vela virtual. US$0,99 na Apple Store (o software) mais US$0,10 por vela virtual acesa.

- Sits & Ups at Mass – Senta e levanta na Missa – se você, apesar de católico fervoroso, não gosta ou tem problemas nos joelhos ou quadris e por isso detesta aquele “senta e levanta” a todo momento na missa, Deus não esqueceu de você (nem a Apple nem o Vaticano). Com esse programinha, um avatar seu obedece aos comandos do padre durante a missa. Basta ligar seu iPhone e executar o S&UaM que seu avatar senta, levanta e ajoelha direitinho, na hora certa, sob o comando do padre. Assim você pode ficar sentado ou até tirar um cochilo durante a missa. Versão Free (somente para 5 missas) ou US$1,90 a versão integral.

Em breve, muito mais tecnologia para você se conectar com Deus. Aguarde!


 


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

PAPAI NOEL ROUBOU A FESTA DO MENINO JESUS

Li no jornal que as decorações de natal, de modo geral, parecem ter “esquecido” do personagem principal da data, Jesus.

Em shoppings e avenidas, o que se vê é uma profusão de Papais Noéis, renas, gnomos, animais variados e até personagens de filmes de animação.

Mas nada do menino Jesus na manjedoura. Presépios são cada vez mais escassos nesta época, ao menos em locais públicos e comerciais.

A conclusão, óbvia mas não tão simples, é a diversidade religiosa e cultural se afirmando na maior megalópole da América Latina.

Digo não tão simples porque, agora constatado o fato, religiosos de todas as facções irão conclamar seus adeptos a reforçarem suas convicções diante da quase extinção de Jesus nos rituais de Natal.

Nos moldes da lei que obriga ter ao menos uma parte de atores negros em filmes, novelas e comerciais e a outra, a das cotas, que obriga a resguardar vagas nas universidades a afro-descendentes, possivelmente algum lobby evangélico em Brasília irá tentar criar leis obrigando a participação mínima de Jesus nas festas de fim de ano, em total desrespeito às minorias muçulmana, judia, budista, xintoísta, hinduísta e tantas outras.

De certo modo, acho que deixar Jesus de lado é um equívoco, um desvio com intenções comerciais. Um equívoco pois Natal vem de “natividade”, nascimento – o do menino que veio para nos salvar e, afinal de contas, nesta data é isso que se comemora. E uma maquinação comercial por razões óbvias: a imagem do bom velhinho está associada a presentes muito mais que a de Jesus e o comércio precisa desta data como precisaríamos de água num deserto.

Mas Jesus, ao nascer, ganhou três presentes, um de cada Rei Mago. Já pensou se a moda pega e todas as crianças passem a exigir três presentes cada? Os pais não iam gostar muito, mas o comércio está perdendo uma boa oportunidade de explorar três vezes mais a data...

Ok, ok. Nem Joãozinho, nem Pedrinho nem Mariazinha vieram para nos salvar e, esperamos, não morrerão na cruz, mas... Você entendeu, certo?!

Aliás, jamais entendi esse negócio de “veio para nos salvar”.

Salvar de quem? Ou do quê?

Deus ia acabar com o mundo?

De novo?

Ele já tinha mandado um dilúvio, já tinha destruído Sodoma e Gomorra, a "Las Vegas" da antiguidade...

Será que a Terra e a humanidade são versões Beta, nas quais Deus está volta e meia fazendo upgrades?

Ou ele foi crucificado para nos eximir de nossos pecados, salvando-nos de nós mesmos?

Posso concluir que desde então não tenho pecado nenhum, não importa o que eu faça?

Eu ia continuar, mas estão me avisando que o peru já está na mesa.

E pela milésima vez terei de explicar a todos o motivo de eu não comer carne...


P.S.: decorar a cidade com motivos natalinos cheios de neve e cenários com lareiras não é uma idiotice num calor infernal como o nosso?




segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL

Mesmo que você não participe de sessões espíritas nem seja Pai de Santo, não se avexe, o espírito de Natal vai baixar em você.

Isso significa que, nesta época mágica do ano, você vai falar de amor ao próximo, de confraternização, desejar saúde e felicidades a torto e a direitoe terá mirabolantes ilusões esquizofrênicas sobre como será o ano seguinte.

Você vai permitir que as crianças se sentem no colo de um obeso idoso fantasiado de vermelho sem que isso se transforme em acusação de assédio nem processo judicial.

Num calor dos infernos nessa época aqui nos trópicos, você desejará que refresque um pouco usando sabão, papel picado, algodão ou bolinhas de isopor para simular o frio e a neve que nunca viu pessoalmente.

À noite de Natal você chamará “de alegria infinita”, apesar de ter passado por um estresse enorme na fila da rotisserie pra pegar o prato congelado e levar logo pra casa e colocar no forno, de ter enfrentado o trânsito ainda mais caótico e quase ter saído no tapa com aquele que enfiou o carro na vaga que você estava esperando.

Nesta noite de paz e de luz, seu sogro vai dormir e babar no sofá e a mãe de seu marido vai torrar o finalzinho de sua paciência querendo lhe explicar como manusear direito o peru (o do forno, não o do filho dela) e vocês não vão brigar “pois é Natal...”.

Você vai aturar as crianças destruindo sua sala enquanto o bendito relógio não bate meia-noite, que as tias exigem que se espere antes de abrir os presentes.


Aliás, por falar em presentes, você vai ganhar algo de que não precisa ou não gosta, esteja avisado de antemão. Treine sua cara de quem adorou o presente durante a tarde, diante do espelho no banheiro, depois que seu tio já bêbado resolver sair dele.


Ah, e avise a todos de que não é preciso regar a árvore de natal, principalmente se tiver as luzinhas pisca-pisca. Da última vez, o choque que a minha avó levou quase fez parar o marca-passo dela.

Bom, então, Feliz Natal.