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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

SOLIDÃO NO CARNAVAL

Assim como a Lua vem depois do Sol e a chuva vem depois das 16h30, aí vem mais um Carnaval.


Como já escrevi anteriormente, meio que “por decreto” a multidão tupiniquim, até aquela de gravatas, ternos, taileurs e escarpins deixa-os de lado para entrar num fantasioso reino de vale tudo.

Muitos dos que passaram o ano todo com comedimento, pessoas até pudicas, de repente, como por encanto, se transformam: homens vestem-se de mulheres, mulheres vestem-se de coisa nenhuma e todos ficam pulando, suando, bebendo, lascivos, sedentos...


Porque não podemos ser lascivos e sedentos o ano todo, mesmo usando ternos e taileurs? Porque é preciso uma festa nacional para se mostrar quem realmente é por baixo da rala camada de verniz? Se Carnaval é uma oportunidade de sexo fácil para muitos, porque esperar o ano todo por esses quatro dias?


Fiquem disponíveis à esbórnia fulltime... Qual o problema? Somos todos adultos, pagamos nossas contas...


No Carnaval todos pulam alegres e felizes. Sorry, não se fica alegre e feliz por imposição de uma data específica. Isso tem outro nome...


E, mágica, todos voltam àquela vidinha mais ou menos na quarta à tarde ou quinta-feira pela manhã.


Não quero escrever uma (mais uma) crítica ao Carnaval. Afinal, analisando mais profundamente, não é o evento anual nem o comportamento das pessoas que me incomoda, mas sim minha (suposta?) solidão.


Não, não me sinto só por não ir pular, não ficar bêbado e suando em bicas num salão ou avenida inundada por barulho (aquilo é música?) ensurdecedor, apertado como sardinha em meio à multidão correndo o risco de ser atropelado por um caminhão de trio elétrico.


Sinto-me só por não ter com quem compartilhar essa minha aversão a tudo isso.


Lembro da época em que minha irmã, dois anos mais nova, saía com a turma de amigos e amigas, primos e primas, todos alegres para a matinê no clube. Eu, criança, já não via sentido em tudo aquilo e ficava sozinho com a Coleção Conhecer, lendo sobre os vikings, sobre as Cruzadas, sobre a chegada à Lua, sobre a vida marinha...



Isso permaneceu até os dias de hoje e, de certo modo, por não haver mais ninguém como eu por perto, fui levado a acreditar que eu era esquisito (ou chato, ou doente, ou maluco, sei lá).


Como seria bom ter tido por perto alguém que não se importasse com a alucinação que toma quase que a todos nessa época, que não ficasse aflito ou aflita por estar ali sentado “enquanto todo mundo aproveita” (?!?), mas que gostasse de ler, como eu, que apreciasse o silêncio, alguém com quem pudesse trocar ideias, filosofar, deixar a mente viajar, falar em voz baixa, contemplando possibilidades imaginárias e, quem sabe, supostamente perceber juntos alguma verdade até então encoberta.


Pessoas assim ficam bem em personagens de filmes e seriados. Duvido que Grisson, ex-CSI, gostasse de pular Carnaval. Mas na vida real, nem o mais simpático personagem tem seguidores quando aquilo que é seu charme vai contra o que a maioria pensa ser normal e está louca pra aproveitar.



quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

SEXO, MENTIRAS E VIOLÊNCIA

Noite dessas, zapeando como um zumbi frente à TV, assisti uma parte do programa Saia Justa no GNT bem quando as quatro cavaleiras do após calipso discutiam se a indústria pornográfica ditava ou não comportamentos, se a mulher era explorada ou exploradora nesse filão, etc., etc.

Independente dos diversos pontos de vista apresentados, notei algum preconceito, um certo asco, tons pejorativos quando falavam em pornografia, apesar de ser um produto de uma indústria que rende mais que a fonográfica (diz a lenda), por exemplo.

Eu ia escrever para elas, mas resolvi colocar uns pontos aqui mesmo. Um inicial: não sou pornógrafo, mas o assunto me interessa por motivos que descreverei abaixo.

Primeiro há que se lembrar que, como em qualquer ramo de indústria, seus “funcionários” tem direitos e interesses preservados em contratos, tem sindicatos, as estrelas tem empresários e promovem noites de autógrafos em eventos concorridíssimos.

Há informações sobre um “mercado paralelo”, de exploração, tráfico, abuso infantil e outras bizarrices, mas isso não é privilégio da indústria pornográfica, não é mesmo?

Muitas de suas estrelas (e estrelos) estão lá por opção, a despeito de complicadíssimas explicações psicológicas para tal escolha. As estórias sobre aquela mulher coitada, que estava na rua da amargura, caída nas sarjetas, drogada, miserável e entrou para o mundo do sexo como última esperança de sobreviver é tão imaginária quanto as estórias de Cinderela e Branca de Neve. Pura ingenuidade.

Em segundo, a fronteira entre o que é sensual – bem aceito - e o que é pornográfico – mal visto -também é imaginária, pessoal, cultural, temporal. Um beijo em público já foi considerado ato obsceno, não se esqueça. Em países islâmicos, ainda hoje, mulheres usam burca pois não podem mostrar nada.

Vamos lá: em uma cena num filme comercial róliudiano, ganhador de Oscar, um casal está debaixo dos lençóis. Pelos seus movimentos, suspiros e gemidos só um completo tapado não imagina o que estão fazendo. Num filme XXX a cena é idêntica e apenas não há lençol!

Ah, o problema é tirar o lençol, ou melhor, tirar a cena de sua imaginação e colocá-la diante de seus olhos... Mas seus olhos não vêem nada, é o cérebro que vê, interpretando a luz que entra pelos seus olhos. É o mesmo cérebro que imagina a cena sob o lençol...

Ah, de novo, mas você não gosta de ver genitais na tela... Hmm, na tela não, mas ao vivo gosta não é mesmo? E quanto mais perto, melhor, não?...

Aliás, porque tanta implicância com os genitais? Arrisco: é porque dão prazer, algo perigoso que nos foi martelado até o nível genético por, possivelmente, a necessidade de controle de natalidade num mundo pré-histórico e, mais adiante, pela dominância cristã no mundo antigo que infelizmente dura até agora.

Está aí um outro ponto importante: o prazer – algo bom e desejado – é pecaminoso, mas a violência de uma morte na fogueira ou enforcamento – algo terrível – é feito em praça pública. Tem algo errado com as religiões cristãs.

Tiros, facadas, estupros (sem mostrar os genitais, claro), gente morrendo torturada, metralhada, cabeças decepadas – coisas muito, muito ruins - na TV pode. Gente transando – algo bom e que todos gostariam de fazer hoje à noite - não pode. Há algo muito errado com a cabeça dessa gente.
Em “
O Povo contra Larry Flint” esse paradoxo foi muito bem explorado na cena do discurso a céu aberto.

Ah, você faz entre quatro paredes... Mas você assiste o filme onde, num mini-DVD player no Ibirapuera? Villa Lobos? Pracinha da esquina?...

Talvez você não pratique sexo grupal nem sessões de sadomasoquismo, mas existem filmes XXX papai-e-mamãe pra você também. Tem pra todos os gostos.

Que mal há, afinal, em ver alguém fazendo aquilo que VOCÊ faz (ou quer loucamente fazer)?

Entendeu o motivo de meu interesse no assunto? Hipocrisia.