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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

UM NOVO TIPO DE PRECONCEITO

"As pessoas projetam nos animais suas próprias carências afetivas...".


"...projetam neles a falta de filhos...".


"...resgatando animais nas ruas projetam neles seu próprio abandono...".


Quanta responsabilidade colocamos sobre nossos pets, não!? Quem diria que os animais se tornariam nosso suporte existencial...


Toda vez que leio algo sobre pessoas que tem vários (muitos) animais em suas casas ou aquelas que se dedicam a resgatá-los das ruas nas cidades grandes, apesar do tom meio dramático de alguns artigos, sempre dou risada.


Acho engraçadas as opiniões de psicólogos sobre "esse tipo de gente". Bem, ao menos eles tem uma opinião menos ruim do que os leigos, para os quais essa gente é simplesmente louca por "preferir bichos ao invés de humanos" - o que não é verdade, apesar do clichê por eles muito utilizado "quanto mais conheço os homens mais estimo os animais".

De qualquer modo, sejam opiniões científicas ou leigas, é fato que a sociedade estranha esse tipo de comportamento, tanto que volta e meia o assunto gera um artigo por aí.


Os civis - aqueles que não são cachorreiros, gateiros, protetores, cuidadores e outros seres humanos estranhos ligados aos animais - estão sempre prontos a lançar um olhar de desconfiança sobre o que consideram um comportamento "não normal".


Ora, como é possível definir o que é ou não normal? Podemos estabelecer o que é comum, corriqueiro, bem aceito socialmente a ponto de ninguém nem notar o absurdo, mas não o que é normal no sentido absoluto da palavra.


Duvida? Tente se afastar um pouco de sua realidade, tente um olhar mais crítico, mais agudo e perceberá o quanto de loucura permeia o seu dia-a-dia.

É normal ter filhos e deixá-los o dia todo numa creche ou com a empregada em casa porque os pais tem de trabalhar e só os veem duas horas por dia, à noitinha, quando voltam para casa esgotados e irritados?


É normal nos apertarmos em imóveis minúsculos e caríssimos e em ruas superlotadas de automóveis expelidores de gases tóxicos em cidades violentas e opressoras enquanto há tanto espaço verde, livre e tranquilo por aí?


É normal passarmos o dia todo num escritório fazendo algo que odiamos junto de gente que não suportamos?

É normal entrar numa edificação e ficar mentalmente pedindo a uma abstração coisas como a cura para alguma doença ou uma melhoria qualquer na vida?


É normal acreditar que sua união com outra pessoa vale mais porque você entrou num lugar cheio de gente e um tipo de pajé com túnica branca fez um ritual antiquado e esquisito falando coisas que ninguém ali presente entende direito ou invés daquele casal que simplesmente resolveu tocar a vida junto?



É normal ir a um estádio pagando uma grana preta pra ficar espremido feito sardinha no meio de uma turba alucinada e fedida só pra ver alguém cantar (bem de longe)?


É normal passar o ano todo preocupado com o aluguel, irritado com o trânsito, mal humorado com seu emprego e vivendo sua vidinha "normal" mas de repente, sem mas nem menos, por decreto, ficar alegre, feliz soltar a franga durante quatro dias só porque dizem que "é Carnaval"?


E voltar àquela vidinha besta logo depois, como se tivesse um botão "on/off" nas costas?


É normal dizer que ama os animais referindo-se apenas a cães, gatos ou passarinhos enquanto come outros, como vacas, porcos e perus no jantar?


É normal se recusar a admitir ou conhecer a verdade violenta e cruel por trás de cada bife em sua mesa e, mesmo sabendo, não fazer nada a respeito nem mudar seu estilo carnívoro de vida?






É normal "torcer por um time" (que nunca é o mesmo pois jogadores vão e vem o tempo todo) e sofrer se ele perde ou se sentir o máximo e tirar sarro do colega torcedor do time adversário porque o "seu" ganhou "do dele"?


Tudo isso e infinitas outras coisas são "comuns" mas, racionalmente falando, não deveriam ser consideradas normais. Agridem o bom senso, ferem a lógica.


A "loucura" daquela gente que "ao invés de tirar uma criança da rua, fica resgatando gatos" não é maior nem menor que a dos outros. Ela tem apenas um foco diferente.


Assim como o racismo, sexismo e especismo, proponho o "louquismo", o preconceito contra a loucura dos que ainda são minoria.
E viva os loucos, aqueles com coragem de sair da mesmice, de não seguir a manada e pensar por si próprios.




segunda-feira, 3 de agosto de 2009

É SIMPLES DEFINIR O AMOR

O nome de Iggy Pop estará para sempre ligado ao Punk, de quando era o vocalista visceral e avassalador do The Stooges. É esse mesmo Iggy Pop, sobrevivente dos excessos dos anos 60 e 70, que lança "Preliminaires", um disco no mínimo curioso.

E imperdível.

Todas as resenhas que você encontrar por aí tratarão das versões que ele fez para "Les Feuilles Mortes" de Édith Piaf e a lúgebre mas surpreendentemente suave, tendo em vista quem a canta, "How Insensitive"(Insensatez) de Tom Jobim.

O álbum é inspirado no livro “A Possibilidade de uma Ilha”, do polêmico escritor francês Michel Houellebecq, considerado um radical destemido por uns, medíocre e apelativo por outros. Só isso já seria suficiente para ver do que se trata, mas aqui no Café o papo vai pra outro lado.

Ouvi mil vezes e vou ouvir muitas vezes ainda "The Machine for Loving". Uma estória crua, dura mas que é também uma canção/declaração de amor, mas não uma comum como muitas outras. Ao ouvi-la pela primeira vez, no carro dirigindo e sem prestar atenção à letra, os arranjos me fizeram imaginar uma casa em meio a uma planície deserta, montanhas ao longe e o Sol se pondo no horizonte. Freud explica...

A música conta a estória de Fox, companhia da qual o cantor não mais desfruta. Iggy termina essa canção dizendo (dizendo mesmo, pois a canção é falada, não cantada):

Love is simple to define
but it seldom happens in the series of beings
Through these dogs we pay homage to love
And to its possibility.



What is a dog but a machine for loving
You introduce him to a human being,
giving him the mission to love
And however ugly, perverse, deformed or stupid
this human being might be
The dog loves him.
The dog loves him.


Não sei se ele ou o Houellebeq são ou foram cachorreiros.
Acho que sim.

quinta-feira, 12 de março de 2009

ADORA CÃES? ENTÃO NÃO COMPRE!


A revista Superinteressante em banca traz excelente matéria sobre nossos velhos melhores amigos e como somos culpados por seus problemas de saúde que não tinham antes da manipulação genética que é criar cães de raça.

Eu não sabia disso nove anos atrás, quando comprei a Mila, minha schnauzer, mas aprendi e percebi o quanto é necessária a divulgação dessas informações.

Se você realmente adora, ama cães, então faça um favor a todos eles: NÃO COMPRE. ADOTE!

Assim você estará colaborando, entre outras coisas para o fim do uso indiscriminado de cadelas como "matrizes", que são descartadas depois que não servem mais para procriação e geração de lucros para seus exploradores. Ajudará a tirar das ruas, dos abrigos, lares transitórios e CCZs aqueles que com olhares apavorados clamam para que alguém os leve para casa.

E, de quebra, automaticamente se tornará uma pessoa melhor. Ao menos aos olhos dos cachorreiros da cidade.