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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CONFESSO QUE ESTOU CONFUSO

Pensar nas pessoas que conheço, alguns amigos, alguns conhecidos, alguns parentes próximos, outros distantes me deixa confuso.

São pessoas de bem.

Não cairia no clichê de dizer que são cidadãos exemplares, até porque nunca vi suas declarações de IR, mas são gente comum, que trabalha duro para garantir a sobrevivência e algum conforto para suas famílias.

Alguns são mais seriamente religiosos, outros menos, porém espiritualizados. Aparentemente levam suas vidas dentro dos padrões social e moralmente aceitos como corretos em nosso tempo.

São, também, pessoas inteligentes, bem instruídas, cultas em relação à grande maioria, com boa ou ótima formação, bem informadas e com acesso aos mais variados jornais, revistas, livros, rádio, cinema, teatro, TV e internet.

Todos, sem exceção, acreditam no bem, em Deus, no valor absoluto da vida, tem seus padrões de certo e errado definidos em parte pela religião, em parte pela cultura, hábitos e costumes que passam de geração a geração, com pequenas evoluções caso contrário ainda estaríamos escravizando afrodescendentes e cuspindo catarro nas escarradeiras que antes decoravam as salas de visitas da burguesia paulistana (sério, escarrar durante uma visita era chique!).

Somando tudo isso – e mais alguns fatores que não me lembro de citar no momento – meu cérebro se retorce em angustiantes exercícios mentais para tentar entender o motivo de fecharem os olhos para o que considero importantes questões morais e éticas: os direitos animais e o vegetarianismo.

Que direitos animais? Bem, o direito à vida ou, no mínimo, ao não sofrimento.

Quando mastiga um bife, talvez você pense “...oras, não fui eu quem maltratei nem matei esse ser vivo...”. Esse é o pensamento do tipo Don Corleone, o poderoso chefão: ele não matava, nem degolava, nem fuzilava. Ele mandava e financiava. Quando compra um simples quibe é como se você fosse Don Corleone, pagando à lanchonete, que paga ao fornecedor de carne, que paga ao matadouro, que paga ao criador. Você financia a matança, o sofrimento.

Como podem essas pessoas aparentemente corretas fingirem que não sabem o que se passa nas fazendas de criação e nos matadouros e ainda seguirem em frente cravando os dentes num bife que outrora era um ser vivo?

Como pode uma pessoa que se afirma religiosa e critica o aborto, pois para ela a vida é um valor absoluto, não se importar com a vida que se extinguiu para que ela pudesse saciar sua gula com o que ela chama de “deliciosa picanha”?

Dizer que “a Bíblia permite” é uma afronta à inteligência de qualquer um que já tenha lido ao menos um pedacinho deste livro, pois a Bíblia também permite escravizar pessoas, matar a pedradas, oferecer filhas virgens à turba de invasores, etc., etc.

Dizer que “é costume” também chega a ser idiota discutir, pois os costumes, como citei num parágrafo anterior, evoluem (e as pessoas, ao menos em teoria, evoluem com eles e vice-e-versa).

Se só Deus pode dar e tirar a vida, porque essa regra só serve para algumas vidas e não todas?

Será que, para elas, animais são “coisas”, como uma cadeira ou um abajur, e não “indivíduos”?

Será que é assim que deve ser, termos moral e ética seletivas, optativas, ou seja, adotar como correto somente aquilo que nos interessa e descartar como bobagem aquilo que nos incomoda?

Será que eu estou errado? Será que é bobagem considerar animais como seres que também tem direito à própria vida e liberdade?

Tempos atrás eu havia prometido a mim mesmo que deixaria de atormentar as pessoas com essa questão pois vegetarianos insistentes como eu são comparados àqueles religiosos que teimam em nos levar pra igreja ou, pior, àqueles malas-sem-alça alucinados por um jeito excepcional de ficar rico com Marketing Multi Nível tipo Amway ou aqueles do “Quer emagrecer? Pergunte-me como”. Li também que as pessoas iriam começar a me odiar por fazê-las sentirem-se mal obrigando-as e se confrontarem consigo mesmas.

Então eu tive que fazer uma escolha moral – e escolhas morais nunca são fáceis: me tornar um chato de galocha, indesejável para muita gente ou, como a grande maioria, fechar os olhos para a questão e fingir que nada disso existe, que o sofrimento animal é pura fantasia.

Daí eu lembrei de duas frases:

“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons” - Martin Luther King

“Tome partido. Neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado”. - Elie Wiesel

Talvez eu seja apenas um cara problemático, confuso, meio perturbado ou então a soma disso tudo e mais algumas.

Mas é sério: entre tantas outras dúvidas, eu realmente gostaria de entender porque as pessoas fecham tão facilmente os olhos para isso. Talvez até me convença de que o errado sou eu.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

PAPAI NOEL ROUBOU A FESTA DO MENINO JESUS

Li no jornal que as decorações de natal, de modo geral, parecem ter “esquecido” do personagem principal da data, Jesus.

Em shoppings e avenidas, o que se vê é uma profusão de Papais Noéis, renas, gnomos, animais variados e até personagens de filmes de animação.

Mas nada do menino Jesus na manjedoura. Presépios são cada vez mais escassos nesta época, ao menos em locais públicos e comerciais.

A conclusão, óbvia mas não tão simples, é a diversidade religiosa e cultural se afirmando na maior megalópole da América Latina.

Digo não tão simples porque, agora constatado o fato, religiosos de todas as facções irão conclamar seus adeptos a reforçarem suas convicções diante da quase extinção de Jesus nos rituais de Natal.

Nos moldes da lei que obriga ter ao menos uma parte de atores negros em filmes, novelas e comerciais e a outra, a das cotas, que obriga a resguardar vagas nas universidades a afro-descendentes, possivelmente algum lobby evangélico em Brasília irá tentar criar leis obrigando a participação mínima de Jesus nas festas de fim de ano, em total desrespeito às minorias muçulmana, judia, budista, xintoísta, hinduísta e tantas outras.

De certo modo, acho que deixar Jesus de lado é um equívoco, um desvio com intenções comerciais. Um equívoco pois Natal vem de “natividade”, nascimento – o do menino que veio para nos salvar e, afinal de contas, nesta data é isso que se comemora. E uma maquinação comercial por razões óbvias: a imagem do bom velhinho está associada a presentes muito mais que a de Jesus e o comércio precisa desta data como precisaríamos de água num deserto.

Mas Jesus, ao nascer, ganhou três presentes, um de cada Rei Mago. Já pensou se a moda pega e todas as crianças passem a exigir três presentes cada? Os pais não iam gostar muito, mas o comércio está perdendo uma boa oportunidade de explorar três vezes mais a data...

Ok, ok. Nem Joãozinho, nem Pedrinho nem Mariazinha vieram para nos salvar e, esperamos, não morrerão na cruz, mas... Você entendeu, certo?!

Aliás, jamais entendi esse negócio de “veio para nos salvar”.

Salvar de quem? Ou do quê?

Deus ia acabar com o mundo?

De novo?

Ele já tinha mandado um dilúvio, já tinha destruído Sodoma e Gomorra, a "Las Vegas" da antiguidade...

Será que a Terra e a humanidade são versões Beta, nas quais Deus está volta e meia fazendo upgrades?

Ou ele foi crucificado para nos eximir de nossos pecados, salvando-nos de nós mesmos?

Posso concluir que desde então não tenho pecado nenhum, não importa o que eu faça?

Eu ia continuar, mas estão me avisando que o peru já está na mesa.

E pela milésima vez terei de explicar a todos o motivo de eu não comer carne...


P.S.: decorar a cidade com motivos natalinos cheios de neve e cenários com lareiras não é uma idiotice num calor infernal como o nosso?




quinta-feira, 5 de agosto de 2010

HÁBITOS, TRADIÇÕES E COSTUMES

E então Sakineh Mohammadi Ashtiani será mesmo apedrejada, por decisão da Corte Suprema do Irã.

Note que não foi um júri popular que decidiu isso, não foi um bando de ignorantes ensandecidos em praça pública movidos pela emoção do momento. Foi uma decisão fria e racional tomada por homens cultos.

A despeito da cortina de fumaça lançada, acusando-a agora também de assassinato para desviar a atenção e minimizar as críticas internacionais, o fato é que uma mulher será morta de maneira grotesca não por acidente nem por descontrole emocional num momento de loucura, mas por argumentos baseados na tradição, hábitos e costumes de um grupo de pessoas, de um país.

Talvez até pior que a morte é o praticado no leste africano, como a excisão e a infibulação, que nem vou descrever aqui, motivadas e justificadas por crenças e hábitos de fé.

Vou levar a discussão para esse ponto: até que onde o argumento da tradição e costumes pode justificar algo?

Essa é uma seara difícil, eticamente complicada por questões culturais, sociais, temporais e diversas outras que nem sei.

Mas é o mesmíssimo argumento utilizado por aqueles que, ainda, utilizam animais para se divertir ou se fartar à mesa.

Vejamos:

- apesar de minguando, as touradas ainda existem na Espanha apenas porque um grupo a defende com argumentos de tradição e cultura;

- idiotas gaúchos (e de outros Estados também) usam o mesmo argumento para defender a Farra do Boi, ainda presente apesar de estar na mira da Justiça;

- a caça esportiva, ou a morte desnecessária de um animal para distrair babacas entediados com suas vidas medíocres e necessitando de auto-afirmação, ainda é praticada em diversos países;

- muita gente ainda diz que come carne porque é hábito...

Não adianta tentar fugir ou jogar também uma cortina de fumaça argumentando que estou misturando humanos e animais. Não subestime a SUA própria inteligência dessa maneira...

Animais, assim como nós, sentem dor, sofrem, sangram. Todos sabem disso, mas usam o “por que é hábito” para se justificar num churrasco. Não existe argumento mais frouxo.

Um ditado Zen Budista diz que “antes de tentar mudar o mundo, dê três voltas ao redor de sua casa”.

Do mesmo modo, antes de criticar o apedrejamento da iraniana, olhe para o seu prato.

segunda-feira, 15 de março de 2010

RESTAURANT WEEK

Nas duas semanas que passaram a cidade – e todos os seus bons de garfo – tiveram a oportunidade de conhecer novos restaurantes com o advento da São Paulo Restaurant Week – uma week de duas semanas, vai entender....

Durante os dias do evento diversos restaurantes ofereceram um menu especial completo – entrada, prato principal e sobremesa - a preços reduzidos. Li em algum lugar que a frequência nos restaurantes participantes praticamente triplica nesse período.

Bom para todos, principalmente o consumidor – ah, hoje é Dia do Consumidor, sabia?

Mas não para todos os consumidores. Os restaurantes participantes, mais de 200, ignoraram totalmente os adeptos do vegetarianismo e a organização do evento não parece ter tido a preocupação de incluir ao menos um restaurante vegetariano na comilança (ou terão sido seus proprietários que não quiseram se inscrever?).

Querendo ir a um restaurante participante da week de 14 dias (se a moda pega, logo teremos o Mês de 45 dias, a Quinzena de 38 dias...), uma pessoa que não come carne teria de se contentar com massa em duas ou três casas, se tanto.

Apesar de apresentar pratos diversificados e alguns até bem elaborados, restauranteurs e chefs também parecem padecer da mesma ignorância gastronômica que faz com que as pessoas comuns perguntem “...mas você come o quê, só salada e massa?”.
O que falta para que os vegetarianos não sejam ignorados numa das maiores cidades do planeta? O que falta para que o vegetarianismo “cresça e apareça”? Somos poucos? Ou somos muitos que se contentam com pouco?

Apesar de ter feito essas perguntas há mais de três anos, elas continuam a me incomodar:

- vegetarianos não jantam? Se sim, porque os restaurantes vegetarianos não abrem à noite?
- porque restaurantes vegetarianos não podem se parecer com restaurantes “normais”?
- porque os atendentes são sempre jovens universitários (quando muito) cabeludos e mal preparados ao invés de garçons como em todos os outros lugares?

Veggies, não me crucifiquem. Sou vegetariano por opção, fui eu que escolhi esse caminho por diversas questões, mas tenho de admitir que minha vida era bem mais fácil e divertida quando não tinha o que se demonstra ser uma enorme limitação – e não precisava ser assim.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

DISCRIMINAÇÃO


Uma rapidinha:

- Se na rua você chama alguém de "preto", cadeia! Se chama alguém de "viado", cadeia! Eles conseguiram seu lugar na sociedade. Eu, fumante, pelo contrário: agora com essa nova lei, sou legalmente discriminado. Não me conformo, sou discriminado, me sinto discriminado...

- Calma, não é bem assim...

- Sou discriminado, me sinto um pária, discriminado...

- Não enche o saco! Fica aí se fazendo de vítima... Eu não tenho filhos, sou vegetariano, não gosto de futebol, nem de samba, nem de novela e BBB. E sou ateu. Não me venha falar em discriminação...


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

NATAL, TEMPO DE PAZ, AMOR E HIPOCRISIA...

Estão todos lá, gordos porém elegantes em seus ternos bem cortados, suas mulheres cuidando das crianças que correm pela sala, as tias trazendo os pratos para a ceia, os tios contando lorotas sobre seus passados, as vovós e vovôs dormindo nas cadeiras nos cantos e as famosas canções natalinas preenchendo o ambiente alegre e festivo.

Todos se abraçam, desejam os mais elevados sentimentos de paz, amor, saúde e felicidade uns aos outros.

Imagine essa festa natalina numa “famiglia” de mafiosos.

Não há como negar: são criminosos. Pessoalmente talvez nunca tenham matado alguém, jamais empunharam uma arma ou sequer um canivete. Mas foram mandantes de diversos crimes. Seu dinheiro comprou fidelidade e obediência às suas ordens de assassinatos, seqüestros, roubos...

Sobre aqueles sorrisos e sinceros desejos de paz e felicidade pairam cadáveres.
Sobre você também.

Sim, sei, você não é mafioso, claro, mas sobre sua mesa também jazem cadáveres. Pedaços deles.

São perus, lombos, tenders, patos, cabritos, leitões e outros animais mortos sob seu comando. Não se engane: no caso deles, você é o Chefão que não põe a mão na arma, mas paga para matar.

Paga ao açougueiro, que paga ao frigorífico, que paga à fazenda, que paga ao funcionário para enfiar um facão no pescoço de uma vaca, eletrocutar um porco, degolar um peru.

Em sua feliz festa natalina, na efusão de desejos de paz e felicidade, sob seu comando animais tiveram vidas miseráveis, foram transportados em péssimas condições, muitos morreram no caminho, foram levados aos abatedouros, torturados, esfolados, escalpelados e retalhados com muita dor e desespero num banho de sangue.
Mas nada disso você vê sobre sua imaculada toalha branca. Eles foram prévia e convenientemente transformados naquele naco de carne sobre sua mesa decorada com motivos natalinos.

Como desejar a paz enquanto se financia o inferno? Como sonhar com felicidade quando se estimula o sofrimento? Como falar sobre boa saúde quando se é responsável por tantas mortes?

Finja o quanto quiser, negue o quanto puder. Engane a si mesmo.

E assim, com sorriso nos lábios, deseje feliz natal a todos.


Para saber um pouco da verdade por trás de um peru de natal, leia:
http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=1960&Itemid=144

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

UM NOVO TIPO DE PRECONCEITO

"As pessoas projetam nos animais suas próprias carências afetivas...".


"...projetam neles a falta de filhos...".


"...resgatando animais nas ruas projetam neles seu próprio abandono...".


Quanta responsabilidade colocamos sobre nossos pets, não!? Quem diria que os animais se tornariam nosso suporte existencial...


Toda vez que leio algo sobre pessoas que tem vários (muitos) animais em suas casas ou aquelas que se dedicam a resgatá-los das ruas nas cidades grandes, apesar do tom meio dramático de alguns artigos, sempre dou risada.


Acho engraçadas as opiniões de psicólogos sobre "esse tipo de gente". Bem, ao menos eles tem uma opinião menos ruim do que os leigos, para os quais essa gente é simplesmente louca por "preferir bichos ao invés de humanos" - o que não é verdade, apesar do clichê por eles muito utilizado "quanto mais conheço os homens mais estimo os animais".

De qualquer modo, sejam opiniões científicas ou leigas, é fato que a sociedade estranha esse tipo de comportamento, tanto que volta e meia o assunto gera um artigo por aí.


Os civis - aqueles que não são cachorreiros, gateiros, protetores, cuidadores e outros seres humanos estranhos ligados aos animais - estão sempre prontos a lançar um olhar de desconfiança sobre o que consideram um comportamento "não normal".


Ora, como é possível definir o que é ou não normal? Podemos estabelecer o que é comum, corriqueiro, bem aceito socialmente a ponto de ninguém nem notar o absurdo, mas não o que é normal no sentido absoluto da palavra.


Duvida? Tente se afastar um pouco de sua realidade, tente um olhar mais crítico, mais agudo e perceberá o quanto de loucura permeia o seu dia-a-dia.

É normal ter filhos e deixá-los o dia todo numa creche ou com a empregada em casa porque os pais tem de trabalhar e só os veem duas horas por dia, à noitinha, quando voltam para casa esgotados e irritados?


É normal nos apertarmos em imóveis minúsculos e caríssimos e em ruas superlotadas de automóveis expelidores de gases tóxicos em cidades violentas e opressoras enquanto há tanto espaço verde, livre e tranquilo por aí?


É normal passarmos o dia todo num escritório fazendo algo que odiamos junto de gente que não suportamos?

É normal entrar numa edificação e ficar mentalmente pedindo a uma abstração coisas como a cura para alguma doença ou uma melhoria qualquer na vida?


É normal acreditar que sua união com outra pessoa vale mais porque você entrou num lugar cheio de gente e um tipo de pajé com túnica branca fez um ritual antiquado e esquisito falando coisas que ninguém ali presente entende direito ou invés daquele casal que simplesmente resolveu tocar a vida junto?



É normal ir a um estádio pagando uma grana preta pra ficar espremido feito sardinha no meio de uma turba alucinada e fedida só pra ver alguém cantar (bem de longe)?


É normal passar o ano todo preocupado com o aluguel, irritado com o trânsito, mal humorado com seu emprego e vivendo sua vidinha "normal" mas de repente, sem mas nem menos, por decreto, ficar alegre, feliz soltar a franga durante quatro dias só porque dizem que "é Carnaval"?


E voltar àquela vidinha besta logo depois, como se tivesse um botão "on/off" nas costas?


É normal dizer que ama os animais referindo-se apenas a cães, gatos ou passarinhos enquanto come outros, como vacas, porcos e perus no jantar?


É normal se recusar a admitir ou conhecer a verdade violenta e cruel por trás de cada bife em sua mesa e, mesmo sabendo, não fazer nada a respeito nem mudar seu estilo carnívoro de vida?






É normal "torcer por um time" (que nunca é o mesmo pois jogadores vão e vem o tempo todo) e sofrer se ele perde ou se sentir o máximo e tirar sarro do colega torcedor do time adversário porque o "seu" ganhou "do dele"?


Tudo isso e infinitas outras coisas são "comuns" mas, racionalmente falando, não deveriam ser consideradas normais. Agridem o bom senso, ferem a lógica.


A "loucura" daquela gente que "ao invés de tirar uma criança da rua, fica resgatando gatos" não é maior nem menor que a dos outros. Ela tem apenas um foco diferente.


Assim como o racismo, sexismo e especismo, proponho o "louquismo", o preconceito contra a loucura dos que ainda são minoria.
E viva os loucos, aqueles com coragem de sair da mesmice, de não seguir a manada e pensar por si próprios.




quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

“BEM-AVENTURADOS OS MANSOS, PORQUE HERDARÃO A TERRA.”

(Mat.5:5)


Mas o que é ser manso? Não, não é gozação com o homem supostamente traído pela mulher...

Essa discussão pode ser muito longa, dependendo de seu credo. Como eu não tenho nenhum, acredito poder generalizar que “manso” NÃO É aquele que confina, escraviza, esfola, mata e come seres que sentem dor, medo, fome, frio e, quem sabe um dia possamos provar, amor pelos seus, inclusive de outras espécies. Então, os herdeiros da Terra serão os animais e não humanos.

Não se engane: se você "apenas" come, você financia essa barbárie comprando a sangrenta carne de seres inocentes. Literalmente. Como o mandante de um crime, você paga para que alguém mate e lhe entregue a presa.
Pensando nisso e navegando pelo oceano sem fim da internet deparei-me com um texto bem interessante que fala diretamente àqueles que, supostamente, seguem a “palavra do Senhor”. Veja:
É desairoso para vós que criaturas atéias e agnósticas, mas dotadas de nobres sentimentos (aliás, os únicos que significam passaportes válidos para a espiritualidade superior), demonstrem maior compaixão e sensibilidade para com as espécies animais do planeta, enquanto os cultores da Lei da Evolução sentam à mesa para se banquetear com os cadáveres sofridos daqueles que sabem constituírem os seus irmãos menores na escala evolutiva.

Que sentido têm os vossos apelos à misericórdia dos seres superiores, se os apelos silenciosos daqueles que rotulais “inferiores” não encontram guarida em vossos corações, cerrados à compaixão e ao respeito? Acaso tendes a ingenuidade de supor que a Divindade Suprema descuida de gerir o mundo que criou, e que os gemidos de dor de seus filhos mais indefesos não comparecem ao tribunal da vida planetária, testemunhando contra a espécie humana e sua crueldade?
E vós, meus irmãos? Que fazeis, sentados à mesa diante dos despojos sangrentos de vossos companheiros planetários, mortos cruelmente para obedecer a hábitos ancestrais repetidos sem avaliação? A quem pensais enganar nessa contemporização com um código ultrapassado de viver? À vossa consciência adormecida, aos espíritos dirigentes do planeta, ao Mestre a quem dizeis seguir, à Divindade que nos criou a todos iguais para a fraternidade, não para o exercício da lei da selva?

.”


A ninguém mais deveis satisfação que à vossa consciência, em tudo que fizerdes; mas temei-a quando vos cobrar, sem apelação, a coerência que vos falta, entre os postulados de compaixão, renúncia e solidariedade de vossa doutrina, e o prazer mórbido que vos acorrenta a devorar vossos irmãos da escola terrestre

Para ler na íntegra: http://www.edconhecimento.com.br/htdocs/pdf/era_uma_vez_um_espirita.pdf







sexta-feira, 28 de novembro de 2008

SHORT CUTS II

Almoço com parentes:


- Então você não come carne...
- Não – respondo.
- Bah!... Quem come capim é o boi!
- Quem come cadáveres é o urubu... E a hiena.
- ...?!...?!...



Almoço com parentes II:


- Mas, na Natureza, os leões comem carne, os tigres comem carne...
- OK, então faça como eles: saia por aí caçando sua presa à unha.
- Ah, mas nós não precisamos mais disso, nós evoluímos, temos supermercado, açougue...
- Então comparar-se à Natureza não tem sentido, certo?
- Hmmm...



Almoço com tias:


- Sendo vegetariano você “não pode” comer carne?
- Posso.
- Mas vegetarianos comem carne?
- Não.
- Mas...
- Eu “posso”, mas não como.




Jantar com turma:



- Mas você não sente vontade de uma picanhazinha na brasa, um torresminho?...
- Eu às vezes sinto vontade de jogar meu carro pra cima de um imbecil e tocá-lo pra fora da estrada, mas não jogo...




Almoço com família:


- Mas Deus nos fez assim, onívoros, capazes de comer qualquer tipo de alimento, inclusive a carne.
- Se você acredita em Deus, deve também acreditar no livre-arbítrio, coisa que Ele inventou e nos deu. Assim, sendo onívoro, Deus lhe propõe uma escolha moral. Livre-arbítrio é isso, uma escolha e, para ser uma escolha “de fato”, não pode ser muito fácil pois senão não é uma escolha, é uma barbada.
- Mas os animais carnívoros comem carne...
- Pois é, eles são “carnívoros” como você mesmo disse. Não têm escolha. Nós temos.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

MATAR POR DIVERSÃO


A pedido do STF, o IBAMA colocou no ar uma enquete perguntando sobre a aprovação ou não da caça amadora.


PUTZGRILA! E eu que achava que isso era coisa do passado...


Reproduzindo aqui a alegação dos favoráveis à prática, "...os defensores da caça amadorista alegam que as áreas utilizadas para a atividade são uma alternativa de uso sustentado à expansão agrícola e que o dinheiro arrecadado pelas associações são utilizados, também, como apoio na proteção a áreas de planos de manejo e de unidades de conservação".


Somos seres inteligentes (alguns nem tanto...) e com grande poder imaginativo. Sendo assim, é fácil criar argumentos para justificar qualquer coisa. Mas APESAR dos argumentos, há que se admitir que matar por diversão não é algo lá muito ético, certo?


Mas, se você está convencido - como os 35% dos votantes - de que caçar por diversão tem seu lado importante, então aí vão algumas sugestões:


- quer se sentir macho? Vá caçar no mano-a-mano, ou pata-a-pata, que seja, sem armas;

- coloque seus FILHOS para serem caçados. Ora, aqueles pirralhos só choram mesmo, atrapalham sua vida amorosa com a patroa e vão dar despesa a vida inteira. Aproveite e livre-se deles;


- coloque sua MÃE para ser caçada. Aquela velha decrépita só serve para ser visitada e nem bolinhos de chuva faz mais - e você se livra de ter de pagar-lhe o plano de saúde... Não será alvo tão rápido e desafiante como seus filhos, mas servirá bem aos caçadores iniciantes ou ruins de mira;


- vá VOCÊ servir de caça! Quer mais emoção e adrenalina que ter de fugir pra preservar a própria vida? ;


Observação: sogras e cunhados não valem, pois aí voltaria a ser só diversão mesmo, invalidando meu ponto de vista...


Quem dera eu pudesse enviar esses 35% a favor da caça lá para o Planeta dos Macacos.


Será que eles, com seus inteligentes argumentos, continuariam a favor?


Ué... Porque não?!...



sábado, 6 de setembro de 2008

SHORT CUTS


Almoço entre colegas de trabalho.

- Mas você não come carne?
- Não – respondo.
- Por quê?
- Ele tem dó das vaquinhas... – alguém responde por mim.
- Ah, você é daqueles naturebas que militam pelos direitos animais?...
- Ah, e você é daqueles que não usam o cérebro para pensar que está mastigando um animal morto, sangue, vísceras, tendões, nervos, artérias? – respondo.

Entreolham-se e mudam de assunto.

---x---x---

Almoço com colegas de trabalho II.

- Então você não come nenhum tipo de carne?
- Só se for humana – respondo.
- Credo, carne humana? Tá louco...
- Qual a diferença? – pergunto.
- ... ...

---x---x---

Almoço com colegas de trabalho III.

- Você não come nem frango?
- Nada que tenha pai e mãe... respondo.
- Nem peixe – outro pergunta, mesmo depois de ouvir a resposta anterior.
- Você já ouviu falar nos três “grandes reinos”: animal, mineral e vegetal? Você planta peixe? Já viu um “pé de peixe” numa horta?

---x---x---

Almoço com a família.

- Mas agora que você não come carne, come o quê então?
- TUDO, menos carne – respondo.
- Como assim tudo?...

A ignorância é uma bênção... Só para o ignorante.

---x---x---

Almoço com a família II.

- Olha, fiz esses bolinhos pra você.
- O que tem no recheio? – pergunto.
- É carne, mas não é “carne, carne”... É carne de pastel!

...What a hell I’m doing here? I don’t belong here, I don’t belong here...