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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

HÁBITOS, TRADIÇÕES E COSTUMES

E então Sakineh Mohammadi Ashtiani será mesmo apedrejada, por decisão da Corte Suprema do Irã.

Note que não foi um júri popular que decidiu isso, não foi um bando de ignorantes ensandecidos em praça pública movidos pela emoção do momento. Foi uma decisão fria e racional tomada por homens cultos.

A despeito da cortina de fumaça lançada, acusando-a agora também de assassinato para desviar a atenção e minimizar as críticas internacionais, o fato é que uma mulher será morta de maneira grotesca não por acidente nem por descontrole emocional num momento de loucura, mas por argumentos baseados na tradição, hábitos e costumes de um grupo de pessoas, de um país.

Talvez até pior que a morte é o praticado no leste africano, como a excisão e a infibulação, que nem vou descrever aqui, motivadas e justificadas por crenças e hábitos de fé.

Vou levar a discussão para esse ponto: até que onde o argumento da tradição e costumes pode justificar algo?

Essa é uma seara difícil, eticamente complicada por questões culturais, sociais, temporais e diversas outras que nem sei.

Mas é o mesmíssimo argumento utilizado por aqueles que, ainda, utilizam animais para se divertir ou se fartar à mesa.

Vejamos:

- apesar de minguando, as touradas ainda existem na Espanha apenas porque um grupo a defende com argumentos de tradição e cultura;

- idiotas gaúchos (e de outros Estados também) usam o mesmo argumento para defender a Farra do Boi, ainda presente apesar de estar na mira da Justiça;

- a caça esportiva, ou a morte desnecessária de um animal para distrair babacas entediados com suas vidas medíocres e necessitando de auto-afirmação, ainda é praticada em diversos países;

- muita gente ainda diz que come carne porque é hábito...

Não adianta tentar fugir ou jogar também uma cortina de fumaça argumentando que estou misturando humanos e animais. Não subestime a SUA própria inteligência dessa maneira...

Animais, assim como nós, sentem dor, sofrem, sangram. Todos sabem disso, mas usam o “por que é hábito” para se justificar num churrasco. Não existe argumento mais frouxo.

Um ditado Zen Budista diz que “antes de tentar mudar o mundo, dê três voltas ao redor de sua casa”.

Do mesmo modo, antes de criticar o apedrejamento da iraniana, olhe para o seu prato.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

NATAL, TEMPO DE PAZ, AMOR E HIPOCRISIA...

Estão todos lá, gordos porém elegantes em seus ternos bem cortados, suas mulheres cuidando das crianças que correm pela sala, as tias trazendo os pratos para a ceia, os tios contando lorotas sobre seus passados, as vovós e vovôs dormindo nas cadeiras nos cantos e as famosas canções natalinas preenchendo o ambiente alegre e festivo.

Todos se abraçam, desejam os mais elevados sentimentos de paz, amor, saúde e felicidade uns aos outros.

Imagine essa festa natalina numa “famiglia” de mafiosos.

Não há como negar: são criminosos. Pessoalmente talvez nunca tenham matado alguém, jamais empunharam uma arma ou sequer um canivete. Mas foram mandantes de diversos crimes. Seu dinheiro comprou fidelidade e obediência às suas ordens de assassinatos, seqüestros, roubos...

Sobre aqueles sorrisos e sinceros desejos de paz e felicidade pairam cadáveres.
Sobre você também.

Sim, sei, você não é mafioso, claro, mas sobre sua mesa também jazem cadáveres. Pedaços deles.

São perus, lombos, tenders, patos, cabritos, leitões e outros animais mortos sob seu comando. Não se engane: no caso deles, você é o Chefão que não põe a mão na arma, mas paga para matar.

Paga ao açougueiro, que paga ao frigorífico, que paga à fazenda, que paga ao funcionário para enfiar um facão no pescoço de uma vaca, eletrocutar um porco, degolar um peru.

Em sua feliz festa natalina, na efusão de desejos de paz e felicidade, sob seu comando animais tiveram vidas miseráveis, foram transportados em péssimas condições, muitos morreram no caminho, foram levados aos abatedouros, torturados, esfolados, escalpelados e retalhados com muita dor e desespero num banho de sangue.
Mas nada disso você vê sobre sua imaculada toalha branca. Eles foram prévia e convenientemente transformados naquele naco de carne sobre sua mesa decorada com motivos natalinos.

Como desejar a paz enquanto se financia o inferno? Como sonhar com felicidade quando se estimula o sofrimento? Como falar sobre boa saúde quando se é responsável por tantas mortes?

Finja o quanto quiser, negue o quanto puder. Engane a si mesmo.

E assim, com sorriso nos lábios, deseje feliz natal a todos.


Para saber um pouco da verdade por trás de um peru de natal, leia:
http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=1960&Itemid=144