Mostrando postagens com marcador emprego. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador emprego. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 27 de outubro de 2009

CONSELHOS PARA ENTREVISTAS DE EMPREGO


Já escrevi outros posts sobre esse assunto (veja aqui e aqui), mas num país com desemprego crônico – a despeito de sua queda que se anuncia por aí – esse assunto não sai de pauta.


Eu me divirto com os especialistas. Seus conselhos beiram o ridículo de tão impossíveis... Na verdade, nos aconselham qualquer coisa pois precisam colocar mais um de seus artigos no ar e assim manter presença na rede.


Vou citar uns conselhos e dar minhas idéias sobre eles. Numa entrevista de seleção o candidato deve:


1- Ter autoconhecimento.
Isso é fácil pois nascemos todos com grande talento para psicologia e nunca nos enganamos sobre nós mesmos, não é? Nossas opiniões sobre nós próprios jamais se apresentam contaminadas por vieses egóicos ou simples ignorância. Se dependessem de você, psicanalistas morreriam de fome.

2- Ter conhecimento sobre o mercado potencial de seu futuro empregador.
Sim, você, caro candidato desempregado, deve ter acesso a informações setoriais nem sempre divulgadas ou encontradas facilmente. Você precisa ser no mínimo como Peter Drucker e visualizar as tendências do setor para o futuro a médio e longo prazos, ou comprar uma bola de cristal e fazer algum ritual new age de visualização do Universo sem o empecilho das dimensões do espaço-tempo.



3- Compreensão e domínio sobre o processo de entrevista
Sabendo que há vários tipos de entrevistas de seleção – tradicional, conversacional, comportamental, de pressão propositada, a expositiva, só para citar algumas – e um número incalculável de tipos de entrevistadores elevado à enésima potência se levar em conta suas possíveis variações de humor (afinal, eles são humanos) você deverá investir um tempo para se preparar para elas. Algo em torno de 735 anos.



4- Conhecimento sobre a empresa
Mesmo se ela tiver um website decente (raro...), não se fie nele pois lá só encontrará a versão oficial do que é aquele antro onde tenta entrar. Procure pela web em sites de reclamações e de defesa do consumidor e encontrará a verdadeira face dela. Só não tente discutir o que ler ali com o entrevistador, certo?



5- Conhecimento Geral
Aqui recomendam “...saber o que acontece no mundo e as implicações desses fatos na sociedade e nos negócios, informar-se sobre os principais acontecimentos econômicos, políticos, sociais e culturais, cultivando o hábito da leitura dos bons jornais diários e revistas semanais nacionais e internacionais”. É isso aí: pare de perder tempo no Orkut e no Facebook e, pior, no Twiter, deixando de lado todo o enorme conhecimento que se pode adquirir em 140 caracteres. Mesmo se conseguir fazer isso, não se anime: com a produção de notícias e conhecimento crescente em progressão geométrica neste mundo globalizado e interconectado, some mais uns 2.000 anos em seu treinamento para entrevista, lembrando que, lá na frente, seu conhecimento sobre atualidades terá passado para a categoria de história da civilização.


Tendo conseguido seguir esses conselhos, Buda, o Iluminado, virá de lá do Vazio para cumprimentá-lo e Jesus Cristo finalmente voltará e lhe oferecerá seu santo lugar ao lado de Deus Pai Todo Poderoso, ou talvez Ele próprio ceda Seu lugar a Ti, oh ser inigualável.


Vender conselhos sobre entrevistas de seleção, em nossa atual e eterna realidade, é mais fácil que vender água no deserto. Vou me informar sobre esse tipo de trabalho...

sábado, 21 de março de 2009

REVELAÇÃO: O QUE VOCÊ "REALMENTE" PRECISA PARA CONSEGUIR AQUELE SONHADO EMPREGO


Eu já escrevi o que penso sobre o jogo de perguntas e respostas em uma entrevista de seleção, mas não falei nada sobre o candidato procurado pelas empresas.

Não é de hoje que muitos escrevem sobre algumas atrocidades cometidas pelas empresas na hora da contratação de um novo colaborador, fruto de uma das mais antigas e ferrenhas leis de mercado: a demanda maior, muito maior que a oferta de vagas. Exigem Inglês fluente quase que até para faxineiros...

Isso todo mundo sabe. Mas mesmo aquelas exigências que parecem “normais”, quando combinadas, somadas, sugerem que a empresa está em busca de alguém sobreumano (ou é sobrehumano, ou sobre-humano com a nova regra?...).

As características pessoais mais procuradas pelos entrevistadores, segundo especialista, são: objetivos profissionais e de vida definidos; automotivação; iniciativa; responsabilidade; dedicação; ambição; capacidade de aprender; capacidade de trabalho em equipe; ser voltado para resultados; ter atitude positiva; ser otimista, colaborativo, sociável e participante.

O tal precisa também ter imagem exemplar: os ombros alinhados, as costas eretas, o olhar brilhante, o andar correto, a voz pausada e agradável, a postura polida e ao mesmo tempo firme. Irradiar entusiasmo. Vestir roupas clássicas e discretas, sóbrias e de cores neutras.

Numa ginástica cerebral digna de triatleta, o candidato precisa acelerar todos os neurônios à velocidade máxima, sem suar a testa, para expor possíveis pontos negativos de forma positiva e dar respostas articuladas, não apenas “sim” e “não”.

Precisa comentar sobre suas realizações e os miraculosos resultados positivos alcançados na empresa que trabalhou anteriormente, não falar mal de seu ex-chefe (essa é difícil, hein?!), dizer que está em busca de novos desafios e crescimento (e não, honestamente, de salário melhor – já escrevi sobre isso também).

Preocupando-se com que tudo isso pareça sincero ao entrevistador, o candidato deve demonstrar confiança, falar com clareza, naturalidade e espontaneidade.

E, sorrindo, manter-se o mais tranqüilo possível...

Fala sério: esse cara existe? Aqui na Terra? Na Via Láctea? Em Asgard*? Na quinta-dimensão?
A única e honesta resposta é não. Nem Deus conseguiu produzir tão exemplar criatura.

Você, que está trabalhando e passou por processo seletivo, é assim? Quantas pessoas assim você conhece na empresa em que trabalha? Nenhuma? Claro que não. Elas “eram” assim na entrevista, mas depois de contratadas voltaram a ser elas mesmas, humanos normais.

Concluo então que o fator decisivo num processo seletivo é sua capacidade artística: se você for um bom ator e conseguir fingir tudo isso de modo que o entrevistador engula, a vaga é sua!

Nada de MBAs, cursos de línguas estrangeiras, especializações, vivências no exterior... Procure no Google a escola de teatro mais próxima e mãos à obra que a crise ainda tá brava.

*Pra quem nunca leu gibi do Thor, Asgard é o reino dos deuses nórdicos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

EM BUSCA DE NOVOS DESAFIOS

Há muitos textos e até livros criticando os neologismos e o modo como falam os executivos.
Existem até pequenos programinhas ou tabelas em que você pode misturar uma série de palavras que, juntas, formam frases que são ouvidas constantemente em reuniões executivas – e não dizem absolutamente nada.

Leio o jornal de hoje e vejo que um superexecutivo deixou uma certa empresa de TV por assinatura “em busca de novos desafios”.

Essa expressão deveria constar entre as bobagens que muitos falam como um eufemismo, em minha opinião, hipócrita e bem pouco eficiente.

A todo momento lemos artigos sobre o excesso de exigências nas empresas, o olhar aterrorizador dos acionistas em busca de retorno imediato, avaliações de desempenho, excesso de horas semanais trabalhadas, concorrência cada vez mais acirrada, teorias de administração que não param de brotar, o estresse tomando conta de todos, as mudanças constantes nos mercados em evolução que não deixam ninguém dormir direito...

Ora, se é assim, então como alguém pode se sentir pouco desafiado? Algum executivo pode se queixar de tédio atualmente?

Eu duvido que seja lá quem for busque, verdadeiramente, novos desafios. A pessoa busca novas situações, novos rostos, novos ambientes e, com certeza, segurança, conforto, natural para qualquer espécie viva nesse planeta. Para isso, é necessária a estabilidade... E, no caso humano-capitalista, dinheiro.

Porque ninguém diz, COM SINCERIDADE, que está desempregado? Tentando retornar ao mercado de trabalho? À procura de um salário melhor? Ou de um lugar pra trabalhar menos horas por semana? Que quer mais tempo pra ficar com a família? Ou que quer a maior distância possível do último chefe? Que não consegue mais acordar de manhã e ir pro mesmo lugar, mesma mesa e mesmos problemas todo dia?

Alguém AINDA acredita nessa expressão?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

ENTREVISTAS DE SELEÇÃO

Entrevistas de emprego são, muitas vezes, surreais. A quase totalidade delas utiliza o método MEQuEG – Me Engana Que Eu Gosto.
Fala sério: qual a resposta HONESTA para “onde e como você se vê daqui a cinco anos?”. A resposta-padrão deve ser algo como “ocupando a cadeira de diretor...”, “tornar-me um profissional reconhecido pelo mercado...”, “estar dirigindo meu próprio negócio” e coisas do tipo.
Ora, minha vontade é dizer que não tenho bola de cristal e, apesar de não ser míope, não enxergo tão longe assim. No máximo, posso dizer que espero estar vivo, com saúde e curtindo uma paz interior. Se estiver assim, os demais aspectos de minha vida com certeza estarão em ordem.
Invariavelmente, todos perguntam “...como anda seu Inglês?”. Minha vontade é dizer que ele anda em linha reta, cabeça erguida, fleumático como de costume mas que não tem nada de “meu”, sai prá lá que sou espada. Desde minha primeira entrevista, há mais de 20 anos, me perguntam isso. Nunca precisei usar o Inglês no trabalho, apesar de poder fazê-lo se quisesse.
Talvez a pior pergunta seja “porque devemos contratá-lo?”. A resposta franca: porque estou
desempregado e as contas não param de chegar. Simples, direta, honesta. Mas não é isso que querem ouvir: você precisa elaborar um argumento qualquer sobre suas qualidades, sobre o que você pode fazer pela empresa, que conhecimentos traz e pode aplicar aprimorando resultados...blá...blá...blá.

O mesmo se aplica a uma variação da pergunta acima: “qual seu diferencial em relação aos demais?”. E eu lá conheço os demais?!? Como vou saber quais das minhas centenas de milhares de qualidades não foi pirateada pelos invejosos concorrentes?
“O que você procura nesse novo emprego?”. O salário, minha filha, o salário! Mas o correto é dizer que busca novos desafios, desenvolvimento profissional e chances de contribuir com a empresa e crescer com ela. Que lindo...
Já te encostando contra a parede antes mesmo de contratá-lo, enfiam-lhe esta: “trabalha bem sob pressão?”. Resposta bacana: 
sim, eu sou uma “Lares” em pessoa (alguém lembra do comercial com o casal nipônico?). Ok, Lares é meio antiga e acho que a profissional de RH, se não tiver mais de 40, não vai entender. Diga então que você é meio como uma Clock ou Penedo.
É claro, é óbvio, é humano não gostar nem um pouco de trabalhar sob pressão, mas sua resistência à ela é bem vista no mundo corporativo, além de já deixá-lo pré-avisado de que aquele maluco que vai ser teu chefe berra como louco pelos corredores. Alguns até dizem gostar de pressão, sob a desculpa de que assim produzem melhor... Assim como burros puxam mais rápido as carroças quando chicoteados.
Aí chega a hora fatal, o golpe de misericórdia: “cite um defeito e uma qualidade sua”. A saída que a maioria procura para essa enrascada é dizer que seu defeito é ser exigente demais ou perfeccionista (rs...rs...rs... eu não agüento) e sua principal qualidade pode ser uma entre entusiasmo, persistência, dedicação, responsabilidade e competência técnica (o mundo não me descobriu ainda...).
Sabendo que essas perguntas clássicas são utilizadas desde os tempos de Noé – ele acabou não contratando ninguém pois todos responderam honestamente e construiu a Arca sozinho – e as respostas desejáveis são encontradas aos montes na internet, por que continuam a utilizá-las? Preguiça? Falta de imaginação? Querem verificar se o candidato decorou direitinho as respostas que leu nos sites de RH?
Ou querem perpetuar esse mundo de faz-de-conta?