Já li e também escrevi diversos artigos sobre as empresas anunciarem ou
marcarem presença no Fêicebúque. A
coisa não é tão simples quanto parece e, agora começam a descobrir, não é um
mar de rosas também.
Sandipan Deb, analista do Mint – parceiro indiano
do The Wall Street Journal – escreve que “...Mark Zuckerberg criou a maior
atividade de desperdício de tempo de toda a história da humanidade. E quase um bilhão de pessoas aderiu. Agora,
ele não sabe o que fazer com elas”, referindo-se à vertiginosa (e contínua)
queda do valor das ações do FB na bolsa.
Isso se deve ao simples fato de que a rede social
não apresenta lucros. E pior: baseando seu faturamento em publicidade, empresas
e analistas especializados começam a descobrir milhões de perfis falsos e “likes” (curtir) feitos por robôs e não por
pessoas.
“Ao menos 83 milhões de usuários do Facebook
são falsos”, escreve Deb. “De forma muito simples, um hacker malicioso
pode usar sua habilidade para produzir perfis falsos em massa, fazê-los enviar
convites a amigos, páginas de likes, ou quase qualquer coisa que alguém de
carne e osso faria”. Pesquisas de empresas de segurança também
confirmam esse fenômeno.
Rory Cellan-Jones, jornalista da BBC, abriu uma
página para uma empresa chamada VirtualBagel, com uma simples (e absurda)
promessa: “Vendemos bagel (um tipo
de pão) via internet – você só precisa baixar e curtir.” Então ele
pagou US$ 10 por anúncios no Facebook, e definiu sua audiência-alvo: pessoas
com menos de 45 anos interessadas em culinária e eletrônicos de consumo,
residentes nos EUA, Reino Unido, Rússia, Índia, Egito, Indonésia, Malásia e
Filipinas. Em 24 horas, ele conseguiu 1,6 mil “likes”.
Quem eram essas pessoas? Na verdade, muitas não
eram sequer “pessoas”. Muitos dos
“likes” da VirtualBagel na verdade eram gerados por “bots” – programas que
desempenham tarefas repetitivas na internet, em geral simulando atividades
humanas. Que ser humano tentaria fazer o
download de um bagel?!?...
E ninguém sabe em que medida as respostas aos
anúncios do Facebook vêm de bots. Isso é péssima notícia para uma empresa cuja
receita depende quase que inteiramente de publicidade, com um modelo baseado em
custo por clique das respostas. Bots que criam spams de “likes” subvertem
seriamente o valor do Facebook como meio publicitário.
Como diz a propaganda na TV, “...E tem
mais!”: dia desses, no rádio do carro ouvi algo como “...basta curtir nossa página no Facebook e nos
seguir no Twitter e já estará participando de nossa promoção...”. Noutro caso, eu mesmo me vi obrigado a clicar
em “curtir” para poder ler um artigo ou antes de entrar numa certa página.
Oras!! Mesmo quando os “curtir” são feitos por
gente de verdade, de carne e osso, acredito que raramente eles tem o sentido de
ter gostado do que se viu ou leu ou como uma recomendação aos demais
internautas. Em sua grande maioria, não são nada mais que o “preço” que algumas
empresas impõem – um tipo de chantagem ao meu ver - para que o indivíduo possa
participar de uma promoção ou simplesmente ler um artigo.
Sabendo disso e já tendo sido documentado por
vários estudos que a quantidade de
seguidores não representa aumento de vendas na quase totalidade dos casos, acionistas, investidores e agências de
publicidade começam a torcer o nariz para aquela que prometia ser a grande nova
fonte de acesso fácil a consumidores ávidos por comprar qualquer coisa.
A conclusão: ter uma enorme quantidade de “curtir”
não significa absolutamente NADA.
Ah! E não confunda anúncios no Facebook com os do Google AdWords: deste segundo é muito
fácil verificar a eficácia. Basta analisar a audiência de seu web site ou blog
antes e depois de iniciar uma campanha.