sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

BRASILEIROS PREFEREM FAST FOOD?...


Recentemente foi divulgado o resultado de uma pesquisa da Shopper Experience sobre os hábitos dos consumidores do país em relação ao serviço de alimentação.

Segundo eles, cerca de 74% dos brasileiros afirmam que preferem ir a fast foods ao invés dos restaurantes tradicionais.

Não sei não...

Essa pesquisa me lembrou de uma outra "pesquisa" que a Mercedes, fabricante de veículos, supostamente fez aqui no Brasil antes de lançar o famigerado Classe A, carro que agora, retrospectivamente, todo professor de curso de marketing gosta de criticar.

A empresa despachou o engenheiro Hans pra cá e mandou que ficasse sobre o Viaduto do Chá anotando num caderninho os carros que passavam embaixo. E a cada carro que passava, Hans anotava:

- Carrinha pequena... Carrinha pequena... Carrinha média... Carrinha pequena... Carrinha pequena...

Em pouco tempo o engenheiro Hans enviou sua pesquisa e conclusão à matriz na Alemanha: "Brasileirro gostar carrinha pequena...".

Pronto! A mundialmente famosa marca de automóveis pôs-se a fabricar o tal Classe A.
Viram no que deu?!...

Ninguém contou ao Hans que brrasileirro não gosta de carrinha pequena não, mas é o que dá pra comprar com o que a maioria ganha por aqui (quando dá) versus os preços absurdos de nossos carros.

O mesmo vale para fast foods versus restaurantes. Tenho colegas que recebem vale-refeição em torno de R$11,50 a R$19,00. Com isso, realmente...

Por isso, cuidado com as pesquisas e mais cuidado ainda com as interpretações tendenciosas, equivocadas ou, até mesmo, ingênuas.



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A DURA VIDA DE PUBLICITÁRIO ou OS NÚMEROS NÃO MENTEM JAMAIS!


Atuando desde 2007 como autônomo em marketing, publicidade e comunicação juntei alguns números por pura curiosidade e até arrisquei algumas conclusões.

Óbvio que, estatisticamente falando, a amostra é pequena e não reflete a totalidade da população mas, como no título desta mensagem, os números não mentem:

- vivemos num país miserável. De cada 10 contatos recebidos solicitando criação de logotipo, 8 desistem do serviço por causa do preço cobrado. Tenho até vergonha de dizer que para esse trabalho cobro entre ridículos R$150,00 e R$200,00 e, mesmo assim, alguns quase-clientes me disseram não poder “investir tanto” no momento;

- vivemos num país culturalmente miserável. Apenas 2 em cada 10 contatos recebidos entendem a importância de um design profissional ou percebe as implicações por trás da criação de um logotipo para seu negócio, de um bom layout para seus materiais ou web site e aceita pagar por isso;

- 4 em cada 10 clientes querem que eu envie layouts com ideias antes de me contratarem (sendo que meu portfólio está on line e por ele é possível analisar a qualidade – boa ou ruim - de meu trabalho). Ora, trabalhar nas ideias já é meu trabalho ou, em outras palavras, ter ideias (cérebro trabalhando) é 90% de meu trabalho. Os outros 10% são puro “braço”;

- 6 em cada 10 tem dificuldade de entender que o trabalho de criação demanda tempo e conhecimentos obtidos com muito esforço (anos pesquisa, cursos, experiências, tentativas e erros...) e que isso tem um custo;

- os mesmos 6 em 10 não veem diferença entre um profissional e “o filho do vizinho que mexe bem com computador” ou “o sobrinho que esmirilha no coréudráu”;

- 2 em cada 10 perguntam se podem pagar meus serviços com seus próprios produtos ou serviços. Concordarei com isso quando eu puder pagar o IPTU, Eletropaulo, Comgás,  IPVA e Telefonica também apenas com meus serviços e nenhum tostão em dinheiro;

- ninguém diz ao dentista como fazer a obturação ou ao cirurgião onde ele deve cortar, mas 8 em cada 10 acha que entende tudo de design, diagramação, composição, equilíbrio, cores e fontes, algumas vezes transformando trabalhos bons em terríveis Frankensteins com suas opiniões e solicitações de alterações;

- de cada 10 contatos recebidos para serviços diversos, 5 eram de pessoas aparentemente religiosas (notei pelas “assinaturas” ou mensagens em seus e-mails, coisas como “agradeço ao Senhor por isso ou aquilo...”  ou “O Senhor... alguma coisa”. Esses pechincham até não mais poder e, quando atingimos o limite de negociação (apesar de eu cobrar valores já baixíssimos), 4 caem fora. O que fica, tenta me pagar “orando por mim” ou dizendo que receberei graças do Senhor. Prefiro o meu em dinheiro;

- apenas 2 em cada 10 clientes se lembram de pagar conforme o combinado ou nas datas combinadas, mas 100% lembram de ligar cobrando algum serviço antes de terminado prazo combinado;

- 6 em cada 10 incluem no texto de nosso contato inicial que “...estou montando um negócio agora e não disponho de verba...”. Ora, alguém entra numa loja para comprar um carro não tendo “verba”?;

- dos 6 acima, 5 propõem “...crescermos juntos...”, que na verdade significa “um dia, se tudo der certo (e se lembrar de você na época), te pago”.