terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

CRIACIONISMO EM OUTRAS CRENÇAS


Falar em "educação religiosa" como matéria de aulas escolares é uma falácia tanto quanto adotar o criacionismo bíblico como ciência.

Dizem os defensores dessa idéia que impor somente o ensino laico é uma arbitrariedade. Ora, ensinar somente a visão bíblica também é uma arbitrariedade...

Primeiro, estão IMPONDO a visão cristã unicamente. Quando se fala em "educação religiosa" deveriam englobar todas as religiões conhecidas e não apenas uma. Quando se fala em ensino religioso e tratam apenas do cristianismo estão fazendo catolicismo, o que deveria estar restrito aos que frequentam a respectiva igreja.

Como ficam os judeus, os budistas, taoístas, umbandistas e todos os outros?



E não venha com o argumento fajuto de "seguir a maioria", que é uma estupidez numa época de apoio às minorias.


Quanto à criação do Universo, a despeito de não chegar nem perto de ser ciência, porquê apenas a visão bíblica?


E a visão egípsia da criação? Veja:


"Antes de todas as coisas não havia senão trevas e “água primordial”, o Nun (oceano à semelhança do Nilo que continha todos os germes da vida).
Surgiu o senhor todo-poderoso Atum, que se criou a si próprio a partir do Num, por ter pronunciado o seu próprio nome, depois teve 2 gêmeos, um filho Chu (que representava o ar seco) e uma filha Tefnut (ar húmido). Estes separaram o céu das águas e geraram Geb – a terra seca e Nut – o céu
".



E o que diziam os gregos:


"O início da criação era o Caos, e este gerou Érebo (a parte mais profunda dos infernos) e Nyx (a noite). Estes fizeram nascer Éter (o ar) e Hémera ( o dia).
Depois Gaia (terra) tornou-se a base em que todas as vidas têm a sua origem. Urano (céu) casou-se com Gaia (terra). Todas as criaturas provêm desta união do céu e da terra (titãs, deuses, homens)".



Na cosmologia hindu o universo tem uma natureza cíclica. A unidade de medida usada é a "kalpa", que equivale a um dia na vida de Brahma, o deus da criação. Uma kalpa tem aproximadamente 4,32 bilhões anos. O final de cada "kalpa", realizado pela dança de Shiva, é também o começo da próxima kalpa. O renascimento segue à destruição. Shiva é representada tendo na mão direita um tambor que anuncia a criação do universo e na mão esquerda uma chama que destruirá o universo. Muitas vezes Shiva é mostrada dançando num anel de fogo que se refere ao processo de vida e morte do universo.


Os povos mesopotâmicos, em especial sumérios e babilônios, desenvolveram uma cosmogonia completa que se preservou em textos como o Poema de Gilgamesh e o Enuma elish, com mitos consolidados durante o terceiro e o segundo milênios antes da era cristã. Entre esses povos representava-se o início da criação como um processo de procriação: os deuses teriam sido os elementos naturais que formaram o universo, muitas vezes por meio de lutas contra forças desagregadoras. Os babilônios, numa epopéia sobre a criação, glorificavam a vitória de Marduk, o único deus bastante forte para derrotar o dragão Tiamat, personificação do caos e das águas do mar.


Em linhas gerais, a mitologia mesopotâmica apresentava como princípio do mundo Abzu e Tiamat, elementos masculino e feminino das águas, origens do universo celeste e terrestre. Tiamat produziu o céu, de que nasceu Ea (o conhecimento mágico), que engendrou Marduk. Este derrotou os outros deuses e dividiu o corpo de Tiamat, separando assim o céu da Terra e, com o sangue de um monstro derrotado, produziu o primeiro homem.

Os onondagas, povo que habitava a região que posteriormente seria o estado de Nova York, nos Estados Unidos, elaboraram uma cosmogonia mítica inteiramente particular. Em essência, o relato pode assim se resumir: o grande cacique das pradarias celestiais cansou-se de sua mulher e lançou-a às infinitas águas turvas. Ela pediu ajuda aos animais marinhos para que retirassem o barro do fundo do mar. O sol secou o barro e pôde instalar-se nele a Mulher celestial, ou a grande mãe Terra.


Entre os povos americanos foram provavelmente os maias que desenvolveram um mito mais coerente sobre a origem do mundo. Sua explicação remonta ao princípio último e concebe a criação em 13 etapas. Na primeira, Hunab Ku, o deus uno, fez-se a si mesmo e criou o céu e a terra. Na décima terceira, tomou terra e água, misturou-os e desse modo foi moldado o primeiro homem. Mesmo assim, os maias consideravam que vários mundos se haviam sucedido e que cada um deles se acabou em conseqüência de um dilúvio. O Popol Vuh, dos povos maias, constitui uma extraordinária narrativa cosmogônica e se refere à criação do primeiro homem a partir do milho.


Em outras religiões ameríndias, as crenças e mitos cósmicos também se relacionam com os elementos da natureza. Para os incas, o lugar da criação do homem pelo deus Huiracochá situava-se perto do lago Titicaca, nas proximidades de Tiahuanaco. Os astecas, segundo o Código matritense, situavam em Teotihuacan a catástrofe cósmica que pôs fim à idade anterior. Nesse lugar, os deuses se reuniram para deliberar quem se lançaria na fogueira para transformar-se em Sol, o que foi conseguido pelo humilde Nanahuatzin.


E você ri, chamando-as de lendas e crendices? Qual a diferença delas e aquela de um velho barbudo enrolado num lençol dizendo "faça-se a luz"?


Os cristãos riam dos ameríndios que reverenciavam o Sol que, todos os dias, estava lá, era visível, e no entanto crêem numa abstração.




Com trechos de "http://encfil.goldeye.info/criacao.htm"

5 comentários:

leonardo lima disse...

Eles não tem nenhuma intenção de dar alguma educação religiosa, mas sim de cristanizar as crianças.
Não tem nada de autruísta, mas sim totalmente egoísta.

Anônimo disse...

Olá...
Vi, gostei e faço um convite: Venha conhecer o meu blog e participe do Concurso Blog Por Excelência que irá premiar e divulgar os 10 melhores blogs escolhidos pelos leitores e amigos.
Beijo e bom final de semana!
Até...

PS - A diversidade cultural e religiosa do mundo antigo era algo fantástico, pena terem sofrido tanta perseguição, tanto preconceito e terem perdido parte de seu espaço devido a cristianização, as conquistas romanas, inquisição e descobertas.

robertobech disse...

A VEJA da semana passada, com Darwin na capa, trouxe uma reportagem muito interessante sobre o criacionismo nas escolas brasileiras. A coisa anda bem pior do que a gente pensa. Tem até livro "didático" de "ciências" mostrando porque Darwin está errado, e umas criaturas diretoras de escolas (que mereciam a fogueira) dizendo "se nós acreditamos no criacionismo, por que não ensiná-lo às crianças?"

Oh god...

Anônimo disse...

pois é, tentei falar algo análogo a isso na minha família (que é espírita, um primo frequenta uma escola católica) e só faltava baterem em mim. se querem que sejam ensinados "valores humanos", "ética", por que não uma disciplina de "ética geral" (claro que desenvolvida para crianças e jovens!) ou "cidadania"...?

Anônimo disse...

Olá, conheci seu site em busca de fonte de pesquisa sobre o criacionismo segundo várias religiões. A prof da minha escola de Ensino Religioso, flw sobre todas as religiões, até mesmo as africanas, eu axo isso muito interessante, assim as crianças tem capacidade de acreditar na qual elas sentem mais afinidade, quanto a Teoria evolucionista, prezo muito por ela até pq é ela q cai no VESTIBULAR