quarta-feira, 21 de julho de 2010
A INTELIGÊNCIA DOS CÃES. SÓ A DELES...
É risível, é cômico e chego a achar ridículas as tentativas de se estabelecer o quanto um animal é ou não inteligente.
Os esforços são enormes, os estudos são detalhados, cientistas e profissionais diversos investem dezenas, centenas, milhares de horas nessas questões (será que não o fazem apenas pelo orçamento $$$ obtido para pesquisa? Hmmmm...) e as divulgam como achados científicos.
O problema de se estabelecer a inteligência de um cão, por exemplo, como no artigo “Quantas Palavras os Cães Entendem” (http://casa.hsw.uol.com.br/caes-e-palavras.htm) é o viés antropocêntrico, ou seja, a “régua” que mede tal inteligência é baseada no ser humano.
Usam-se padrões humanos para medir inteligência de cães, golfinhos, macacos. Ora, eu digo que isso é “somar maçã com banana”, como se dizia antigamente.
Porque não usar parâmetros caninos para medir a inteligência de seres humanos? Parâmetros como olfato, visão, audição, instinto de sobrevivência, lealdade, amizade, amor incondicional, geolocalização (sem usar GPS), honestidade, pureza, humor...
Sob padrões caninos possivelmente seríamos os seres mais estúpidos do planeta. A pergunta que deveria ser feita não é quantas palavras os cães entendem, mas sim quantos LATIDOS nós entendemos. Ora, não somos nós tão inteligentes?
Cães se comunicam com outros cães, gatos se comunicam com outros gatos e todos os animais se comunicam entre si com uma variedade enorme de sons E NÓS NÃO ENTENDEMOS PRATICAMENTE NENHUM DELES!
Golfinhos até tentam se comunicar conosco, mas nós achamos que eles estão apenas sendo engraçadinhos...
E não apenas com sons os animais se expressam. Um posicionamento de orelhas, um arquear do corpo, um esticar de pescoço dizem de forma absolutamente efetiva e sem engano o que querem, o que pretendem, ao contrário das palavras que muitas vezes nos enganam, nos confundem, nos levam ao erro.
Um detalhe: irracionais como são chamados, os animais são perfeitamente adaptados a viver no planeta sem destruí-lo, sem deformá-lo, sem poluí-lo, coisas que nós humanos, inteligentíssimos, não conseguimos ainda, mesmo depois de tanta evolução.
Mas a empáfia antropocêntrica e imensa ignorância humana nos impede de ver isso.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
MAIS POR MAIS
No mundo dos negócios, nos livros de administração e marketing, nos diversos cursos de especialização a gente aprende um pouco de estratégia de negócios e em nosso dia-a-dia podemos perceber, se conhecermos um pouco do assunto, as estratégias adotadas por uma empresa para sua linha de produtos ou serviços.
Se você conversar por aí, perguntar a opinião das pessoas em geral, certamente irá chegar à conclusão de que o que importa mesmo é o preço, que é ele que determina, na enorme maioria das vezes, o sucesso ou fracasso de uma empreitada comercial.
Em se tratando de estratégia, então adotaria o “mais por menos”, ou seja, entregar a melhor qualidade/quantidade pelo menor preço possível.
Parece lógico, mas não é, pois é isso que a maioria faz e se destacar quando se está no mesmo saco de gatos que é a maioria é muito mais difícil. E, infelizmente nesse caso, milagre não existe. Para cada patamar de qualidade há um custo. Optando por guerrear na zona do menor preço, a realidade nos mostra que nem com mágica conseguirá oferecer alta qualidade.
Não é o que faz, aparentemente, os laboratórios Fleury.
Conto o motivo dessa minha opinião: recentemente tive de fazer uma ressonância de coluna lombar. Fui muito bem atendido na unidade em que estive e como era cedo, quase madrugada ainda, tomei um lanchinho “de grátis” em sua lanchonete. Tudo transcorreu normalmente e minha primeira surpresa aconteceu na saída. A pessoa que me orientava disse que assim que estivesse pronto o resultado do exame seria disponibilizado na internet, mas como havia imagens, um portador iria entregá-lo em minha residência.
Havia achado isso o máximo, até que o resultado chegou em casa. Aí fiquei mais impressionado ainda.
As “chapas” da ressonância chegaram num envelope de papel pardo aparentemente reciclado, que estava dentro de uma sacola também de papel reciclado (sugerida pela frase impressa “O Fleury se preocupa com a saúde do planeta”), embalada cuidadosamente num plástico para que não sofresse danos. Ao abrir tudo isso, mais uma surpresa: um CD com meu nome gravado. Corri colocar no computador, pois acreditava que eram as imagens de minha ressonância. Era mais que isso: um software da GE mostrava o exame como se fosse em tempo real, uma animação, um “filme” com movimento, muito possivelmente, imagino eu, as mesmas imagens em movimento que o médico vê quando realiza o exame, com opção de pausar, adiantar, voltar.
O Fleury cobra mais caro que os outros laboratórios? Sim, cobra. Se for pagar de seu próprio bolso notará a diferença imediatamente. Se for através de plano de saúde, terá de pagar mensalidade de planos “top”, de custo elevado, pois só esses oferecem serviços no Fleury.
Como este laboratório consegue cobrar mais em meio a tanta concorrência e ainda assim estar sempre lotado?
Excelência nos serviços prestados, excelência no “pós-venda”. Mas essa excelência tem de ser notada, sentida pelo cliente e não apenas propalada em textos, cartazes e anúncios.
No Fleury, ao menos nessa experiência que tive, “superar as expectativas do cliente” não é apenas uma frase numa apresentação de Powerpoint nem numa placa no hall de entrada. É realidade visível, palpável, concreta como o CD em minha escrivaninha.
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sábado, 10 de julho de 2010
A LOGOMARCA DA COPA 2014
Em uma palavra: lamentável.
Os senhores que aprovaram essa aberração devem estar caducos. E pagaram uma grana preta ao estúdio francês Richard A. Buchel.
Essa logo já foi comparada a Chico Xavier psicografando uma carta (eu não havia pensado nisso), mas eu vejo alguns outros senões.
Se a idéia foi mostrar três mãos segurando uma taça, gostaria de saber qual o motivo disso. A taça a gente segura mesmo com as mãos, mas porque enfatizar mãos num esporte jogado com os pés?
Essa logomarca é mais adequada a um campeonato de vôlei.
O verde o amarelo eu entendi, mas a data, colocada em vermelho (porque vermelho?...) e escrita em tipologia alienígena, toda torta para se encaixar no vão entre mãos me lembrou os desenhos mais toscos que eu fazia quando era garoto.
Nem que voltasse no tempo e esquecesse tudo o que vi e o pouco que aprendi em termos de design – equilíbrio de formas, de cores, significados, subjetividade, funcionalidade, estilo, formas e mensagens – faria algo tão... Tão... Tão pobre.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
MMDC
Você talvez esteja se perguntando que raios de feriado é esse do 9 de Julho.
Tenta lembrar de algum santo, de uma passagem nas fábulas cristãs e nada.
Não, não é o dia de um rapper famoso, nem da reformulação do Run DMC nem uma banda concorrente do KLB.
Bem, não é uma homenagem à avenida em São Paulo...
Pô, não lembra de seus tempos de escola?
Nove de Julho é uma lembrança do M.M.D.C., acrônimo pelo qual se tornou conhecido o levante revolucionário paulista, em virtude das iniciais dos nomes dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, mortos pelas tropas federais num confronto ocorrido em 23 de maio de 1932, que antecedeu e originou a Revolução Constitucionalista de 1932.
Eu acho que o acrônimo deveria ser M.E.D.A., pois os primeiros nomes deles eram Mário, Euclides, o conhecido Dráuzio e o Antônio. Porque sobrenomes de uns e nome do outro?
Aliás, um outro estudante, o Orlando de Oliveira Alvarenga, morreu somente três meses depois e, por isso, ficou fora da sigla. Então lembre: se for lutar por uma causa, morra logo de cara para não ser esquecido no futuro.
E mais: se for lutar por algo, lute pela coisa certa tentando visualizar o futuro. Esses caras, os MMDC e também o A que citei no parágrafo anterior, podem ser os culpados pela existência do Congresso Nacional! Se não fossem eles aquele antro não existiria, nem a Assembléia Legislativa nem as Câmaras.
Detalhe: a História nos conta da poética morte destes “estudantes”, mas um deles tinha 31 anos e era fazendeiro em Sertãozinho; outro tinha 30 e era comerciante. Eles ainda estavam na escola com essa idade? E o Dráuzio, então, que tinha apenas 14 anos, o que estava fazendo altas horas da noite na rua, em meio a um levante revolucionário no qual, desconfio, muito provavelmente diversos manifestantes moviam-se impulsionados por cerveja e outros combustíveis com teor alcoólico mais elevado para invadir a sede do PPP – Partido Popular Paulista?
A história, no Brasil, é talvez a coisa mais injustamente negligenciada e propositalmente distorcida que temos.
Junte você também um bando à noite e tente invadir algum edifício do Governo.
Vais ficar famoso...
Tenta lembrar de algum santo, de uma passagem nas fábulas cristãs e nada.
Não, não é o dia de um rapper famoso, nem da reformulação do Run DMC nem uma banda concorrente do KLB.
Bem, não é uma homenagem à avenida em São Paulo...
Pô, não lembra de seus tempos de escola?
Nove de Julho é uma lembrança do M.M.D.C., acrônimo pelo qual se tornou conhecido o levante revolucionário paulista, em virtude das iniciais dos nomes dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, mortos pelas tropas federais num confronto ocorrido em 23 de maio de 1932, que antecedeu e originou a Revolução Constitucionalista de 1932.
Eu acho que o acrônimo deveria ser M.E.D.A., pois os primeiros nomes deles eram Mário, Euclides, o conhecido Dráuzio e o Antônio. Porque sobrenomes de uns e nome do outro?
Aliás, um outro estudante, o Orlando de Oliveira Alvarenga, morreu somente três meses depois e, por isso, ficou fora da sigla. Então lembre: se for lutar por uma causa, morra logo de cara para não ser esquecido no futuro.
E mais: se for lutar por algo, lute pela coisa certa tentando visualizar o futuro. Esses caras, os MMDC e também o A que citei no parágrafo anterior, podem ser os culpados pela existência do Congresso Nacional! Se não fossem eles aquele antro não existiria, nem a Assembléia Legislativa nem as Câmaras.
Detalhe: a História nos conta da poética morte destes “estudantes”, mas um deles tinha 31 anos e era fazendeiro em Sertãozinho; outro tinha 30 e era comerciante. Eles ainda estavam na escola com essa idade? E o Dráuzio, então, que tinha apenas 14 anos, o que estava fazendo altas horas da noite na rua, em meio a um levante revolucionário no qual, desconfio, muito provavelmente diversos manifestantes moviam-se impulsionados por cerveja e outros combustíveis com teor alcoólico mais elevado para invadir a sede do PPP – Partido Popular Paulista?
A história, no Brasil, é talvez a coisa mais injustamente negligenciada e propositalmente distorcida que temos.
Junte você também um bando à noite e tente invadir algum edifício do Governo.
Vais ficar famoso...
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sexta-feira, 2 de julho de 2010
DUNGA E A LIDERANÇA
Como sou um marciano em se tratando de futebol, sempre estranho os comentários durante um jogo: o técnico e os jogadores são os mesmos nos 90 minutos, mas se o time está ganhando todos os comentaristas tecem os mais variados elogios. É só o jogo virar e todo mundo começa a malhar. Esquecem que os que estão ali em campo são os mesmos que há pouco recebiam elogios.
Aliás, um parêntese: na Copa em que Ronaldo “o fenômeno” jogou fiquei tentando enxergar onde estava o fenômeno e não vi nenhum. Nesta agora juro que tentei enxergar “o talento” de Robinho e “o talento” de Kaká, mas também não consegui. Acho que devo parar de assistir às Copas, pois quando assisto os talentos e fenômenos não conseguem se manifestar. Será que o problema é comigo?
Começo a desconfiar que todos os fenômenos e talentos são apenas a necessidade humana de ter heróis ou, em outras palavras, apenas propaganda enganosa... E, claro, sempre há uma boa desculpa para sua não-manifestação: um estava se recuperando de cirurgia, outro não estava 100%, outro isso, outro aquilo. Se é vero, então pq não os deixam em casa? Não é irresponsabilidade levar um enfermo a campo?
Mas a alternância de elogios e críticas não acontece apenas com radialistas: procure na internet (rápido, antes que apaguem) e encontrará diversos artigos com elogios inflamados à “liderança nata” de Dunga e as lições que este técnico nos deixou em planejamento, comprometimento, coerência, atitude, paixão e emoção... E olha que alguns destes artigos foram escritos por “mestre em Administração pela USP”, só pra citar um exemplo. Chegaram a elogiar sua “paciência e simplicidade”, quem diria.
Veja dois parágrafos retirados de artigo na VOCÊ S/A: “Numa batalha travada no palco decorado com as cores e humores do adversário, cercada de polêmicas preliminares e rivalidade histórica, o futebol pentacampeão mostrou insuperável solidez, inesperada inteligência e implacável eficácia. Uma equipe com a inconfundível marca do seu líder”. “Sem dúvida uma história inspiradora para muitos de nós que acabaram de chegar a uma posição de liderança e enfrentam, ainda, a desconfiança de um ambiente altamente competitivo”.
Ou seja: se saísse dessa vencedor, Dunga viraria livro de administração, seria tema de aulas em MBAs, utilizado como exemplo por gurus de estratégias e mencionado em todo o tipo de palestra motivacional e engrandecedoras mensagens de e-mails.
Moral da estória: não importa o que vc faça, quanto você faça nem como faça. Só importa o RESULTADO. É dele que o resto se desenrolará. É ele, e só ele – não seu esforço, nem sua dedicação ou seu sangue, suor e lágrimas – que determinará se você é herói ou incompetente.
Aliás, um parêntese: na Copa em que Ronaldo “o fenômeno” jogou fiquei tentando enxergar onde estava o fenômeno e não vi nenhum. Nesta agora juro que tentei enxergar “o talento” de Robinho e “o talento” de Kaká, mas também não consegui. Acho que devo parar de assistir às Copas, pois quando assisto os talentos e fenômenos não conseguem se manifestar. Será que o problema é comigo?
Começo a desconfiar que todos os fenômenos e talentos são apenas a necessidade humana de ter heróis ou, em outras palavras, apenas propaganda enganosa... E, claro, sempre há uma boa desculpa para sua não-manifestação: um estava se recuperando de cirurgia, outro não estava 100%, outro isso, outro aquilo. Se é vero, então pq não os deixam em casa? Não é irresponsabilidade levar um enfermo a campo?
Mas a alternância de elogios e críticas não acontece apenas com radialistas: procure na internet (rápido, antes que apaguem) e encontrará diversos artigos com elogios inflamados à “liderança nata” de Dunga e as lições que este técnico nos deixou em planejamento, comprometimento, coerência, atitude, paixão e emoção... E olha que alguns destes artigos foram escritos por “mestre em Administração pela USP”, só pra citar um exemplo. Chegaram a elogiar sua “paciência e simplicidade”, quem diria.
Veja dois parágrafos retirados de artigo na VOCÊ S/A: “Numa batalha travada no palco decorado com as cores e humores do adversário, cercada de polêmicas preliminares e rivalidade histórica, o futebol pentacampeão mostrou insuperável solidez, inesperada inteligência e implacável eficácia. Uma equipe com a inconfundível marca do seu líder”. “Sem dúvida uma história inspiradora para muitos de nós que acabaram de chegar a uma posição de liderança e enfrentam, ainda, a desconfiança de um ambiente altamente competitivo”.
Ou seja: se saísse dessa vencedor, Dunga viraria livro de administração, seria tema de aulas em MBAs, utilizado como exemplo por gurus de estratégias e mencionado em todo o tipo de palestra motivacional e engrandecedoras mensagens de e-mails.
Moral da estória: não importa o que vc faça, quanto você faça nem como faça. Só importa o RESULTADO. É dele que o resto se desenrolará. É ele, e só ele – não seu esforço, nem sua dedicação ou seu sangue, suor e lágrimas – que determinará se você é herói ou incompetente.
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