Mesmo que você não participe de sessões espíritas nem seja Pai de Santo, não se avexe, o espírito de Natal vai baixar em você.
Isso significa que, nesta época mágica do ano, você vai falar de amor ao próximo, de confraternização, desejar saúde e felicidades a torto e a direitoe terá mirabolantes ilusões esquizofrênicas sobre como será o ano seguinte.
Você vai permitir que as crianças se sentem no colo de um obeso idoso fantasiado de vermelho sem que isso se transforme em acusação de assédio nem processo judicial.
Num calor dos infernos nessa época aqui nos trópicos, você desejará que refresque um pouco usando sabão, papel picado, algodão ou bolinhas de isopor para simular o frio e a neve que nunca viu pessoalmente.
À noite de Natal você chamará “de alegria infinita”, apesar de ter passado por um estresse enorme na fila da rotisserie pra pegar o prato congelado e levar logo pra casa e colocar no forno, de ter enfrentado o trânsito ainda mais caótico e quase ter saído no tapa com aquele que enfiou o carro na vaga que você estava esperando.
Nesta noite de paz e de luz, seu sogro vai dormir e babar no sofá e a mãe de seu marido vai torrar o finalzinho de sua paciência querendo lhe explicar como manusear direito o peru (o do forno, não o do filho dela) e vocês não vão brigar “pois é Natal...”.
Você vai aturar as crianças destruindo sua sala enquanto o bendito relógio não bate meia-noite, que as tias exigem que se espere antes de abrir os presentes.
Aliás, por falar em presentes, você vai ganhar algo de que não precisa ou não gosta, esteja avisado de antemão. Treine sua cara de quem adorou o presente durante a tarde, diante do espelho no banheiro, depois que seu tio já bêbado resolver sair dele.
Ah, e avise a todos de que não é preciso regar a árvore de natal, principalmente se tiver as luzinhas pisca-pisca. Da última vez, o choque que a minha avó levou quase fez parar o marca-passo dela.
Bom, então, Feliz Natal.
Um comentário:
Adorei seu blog!
Textos geniais!
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