Numa certa aula num curso que estou fazendo o tema era marketing global e o assunto girava em torno da necessidade de preocupação com a ética, indo da mais prosaica honestidade na relação comercial às questões referentes ao trabalho escravo, dando como exemplo o extrativismo de cacau na Costa do Marfim, além do tradicional e desastroso da Nike.
Foram colocadas questões com as quais as empresas e seus profissionais devem se orientar para, no mínimo, terem melhor imagem corporativa, como responsabilidade social, preocupação com o meio-ambiente, educação, saúde dos funcionários e sociedade, ações sociais pró-ativas e outras.
Tudo ia bem até que, num momento mais relaxado e apenas para dar um exemplo, o professor disse que “...poderíamos tentar, num encontro numa churrascaria, montar uma ONG...”... Ops!
Nesse momento, como uma pedrada uma questão me atingiu: ser ético é, a despeito da extensão desse assunto, respeitar “o outro”. Isso nos leva à reflexão sobre quem é esse tal de “outro”.
Seres humanos com cor da pele diferente da minha podem ser considerados “o outro”?
Sim, após muito sofrimento, humilhações e enfrentamento de diversos desafios, pessoas de pele escura deixaram de ser vistas como coisa, como mercadoria importada da África e passaram a ser tratadas como gente. Ainda têm problemas, às vezes escancarados, às vezes mais velados como aqui no Brasil, mas conseguiram um bom avanço. A humanidade, de modo geral, evoluiu na questão do racismo.
Seres humanos de sexo diferente do meu podem ser considerados “o outro”?
Sim, após muito sofrimento, humilhação e enfrentamento de diversos desafios, mulheres conseguiram direito ao voto (lembram das Sufragistas?...), acesso ao mercado de trabalho e outros avanços. Ainda têm problemas, às vezes velados, às vezes escancarados como as vítimas de excisão (amputação do clitóris - a UNICEF revela que três milhões de mulheres na África e no Médio Oriente são sujeitas a mutilação genital todos os anos) mas, de modo geral, a humanidade evoluiu bastante em relação ao sexismo.
Seres NÃO-humanos e, portanto, bem diferentes de mim podem ser considerados “o outro”?
Cientistas afirmam que DNAs de humanos e chimpanzés são 98% idênticos.
Afirmam, também, que diversas espécies têm linguagem própria e se comunicam de modo até sofisticado (eu acredito que todas tenham, nós humanos é que somos ignorantes e não compreendemos). Descobriram que orangotangos e alguns cães conseguem fazer contas simples.
Não é preciso ser cientista para perceber que animais sentem fome, frio, medo e dor, muita dor nos laboratórios de pesquisas, nas fazendas industriais, nos abomináveis rodeios, na produção alucinada de ovos, na pré-preparação de aberrações como o foie gras.
A diferença definitiva entre animais e humanos é a incapacidade dos primeiros de protestarem e defenderem seus direitos mas, se você se pretende ético, não espera por isso. Respeita e deixa-os viver.
Em minha opinião, sim, eles também são “o outro” e, desse modo, não pisaria numa churrascaria para devorar pedaços seus cadáveres, resultado de vidas encurtadas por sofrimentos inimagináveis. A humanidade, de modo geral, ainda não evoluiu nada em relação ao especismo.
Ser ético “mais ou menos” não é ser ético. Ser ético com algumas coisas e não outras não o torna uma pessoa ética. Ser ético por completo é remar contra a maré, é estar sozinho a maior parte do tempo e, mesmo assim, por falta de informação e conhecimento a gente às vezes derrapa.
Ser ético vai muito além de consciência social, imagem corporativa na OMC ou respeito ao meio-ambiente.
Como disse Leo Tolstoy, "Um homem pode viver uma vida saudável sem ter que matar animais para comer; portanto, se ele come carne, participa do ato de tirar a vida de uma criatura meramente para saciar seu apetite. E agir dessa maneira é imoral."
Foram colocadas questões com as quais as empresas e seus profissionais devem se orientar para, no mínimo, terem melhor imagem corporativa, como responsabilidade social, preocupação com o meio-ambiente, educação, saúde dos funcionários e sociedade, ações sociais pró-ativas e outras.
Tudo ia bem até que, num momento mais relaxado e apenas para dar um exemplo, o professor disse que “...poderíamos tentar, num encontro numa churrascaria, montar uma ONG...”... Ops!
Nesse momento, como uma pedrada uma questão me atingiu: ser ético é, a despeito da extensão desse assunto, respeitar “o outro”. Isso nos leva à reflexão sobre quem é esse tal de “outro”.
Seres humanos com cor da pele diferente da minha podem ser considerados “o outro”?
Sim, após muito sofrimento, humilhações e enfrentamento de diversos desafios, pessoas de pele escura deixaram de ser vistas como coisa, como mercadoria importada da África e passaram a ser tratadas como gente. Ainda têm problemas, às vezes escancarados, às vezes mais velados como aqui no Brasil, mas conseguiram um bom avanço. A humanidade, de modo geral, evoluiu na questão do racismo.
Seres humanos de sexo diferente do meu podem ser considerados “o outro”?
Sim, após muito sofrimento, humilhação e enfrentamento de diversos desafios, mulheres conseguiram direito ao voto (lembram das Sufragistas?...), acesso ao mercado de trabalho e outros avanços. Ainda têm problemas, às vezes velados, às vezes escancarados como as vítimas de excisão (amputação do clitóris - a UNICEF revela que três milhões de mulheres na África e no Médio Oriente são sujeitas a mutilação genital todos os anos) mas, de modo geral, a humanidade evoluiu bastante em relação ao sexismo.
Seres NÃO-humanos e, portanto, bem diferentes de mim podem ser considerados “o outro”?
Cientistas afirmam que DNAs de humanos e chimpanzés são 98% idênticos.
Afirmam, também, que diversas espécies têm linguagem própria e se comunicam de modo até sofisticado (eu acredito que todas tenham, nós humanos é que somos ignorantes e não compreendemos). Descobriram que orangotangos e alguns cães conseguem fazer contas simples.
Não é preciso ser cientista para perceber que animais sentem fome, frio, medo e dor, muita dor nos laboratórios de pesquisas, nas fazendas industriais, nos abomináveis rodeios, na produção alucinada de ovos, na pré-preparação de aberrações como o foie gras.
A diferença definitiva entre animais e humanos é a incapacidade dos primeiros de protestarem e defenderem seus direitos mas, se você se pretende ético, não espera por isso. Respeita e deixa-os viver.
Em minha opinião, sim, eles também são “o outro” e, desse modo, não pisaria numa churrascaria para devorar pedaços seus cadáveres, resultado de vidas encurtadas por sofrimentos inimagináveis. A humanidade, de modo geral, ainda não evoluiu nada em relação ao especismo.
Ser ético “mais ou menos” não é ser ético. Ser ético com algumas coisas e não outras não o torna uma pessoa ética. Ser ético por completo é remar contra a maré, é estar sozinho a maior parte do tempo e, mesmo assim, por falta de informação e conhecimento a gente às vezes derrapa.
Ser ético vai muito além de consciência social, imagem corporativa na OMC ou respeito ao meio-ambiente.
Como disse Leo Tolstoy, "Um homem pode viver uma vida saudável sem ter que matar animais para comer; portanto, se ele come carne, participa do ato de tirar a vida de uma criatura meramente para saciar seu apetite. E agir dessa maneira é imoral."
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