Brasileiro é um povo besta mesmo. Está tão acostumado à zorra que quando alguém tenta pôr ordem no caos começa a se insurgir, criar argumentos contrários fantasiosos, invocar direitos esquecendo os deveres.
Bastou endurecer um pouco a vigilância em relação aos bêbados ao volante que alguns já questionam a validade da ação. Ora, qualquer coisa é melhor que nada frente ao absurdo que vemos todo dia nas ruas.
Lei Seca é uma definição que se tornou famosa após a proibição ter sido adotada nos Estados Unidos em 16 de janeiro de 1919, quando foi ratificada a 18ª Emenda à Constituição do país, entrando em vigor um ano depois, em 16 de janeiro de 1920. Não deu certo...
No Brasil NÃO EXISTE Lei Seca, mas um dispositivo legal que só vigora durante a época das ELEIÇÕES. O que existe aqui é uma modificação no Código de Trânsito Brasileiro que recebeu esse infeliz apelido por proibir o consumo de qualquer quantidade de bebida alcóolica por condutores de veículos. É algo extremamente razoável frente à nossa realidade com cada vez mais cretinos ao volante.
Na última década do Século XX, o número de mortos em acidentes de trânsito no Brasil foi de cerca de 25.000 pessoas ao ano - 250 mil brasileiros mortos. Para cada morto, 13 outras pessoas sobreviveram nesses acidentes - 3 milhões de brasileiros feridos. De cada grupo de 13 sobreviventes, cerca de 4 pessoas se tornaram incapacitadas físicas - cerca de 1 milhão de pessoas. (dados da Rede SARAH de Hospitais da Aparelho Locomotor).
Muitos se lembram da implantação do novo Código Brasileiro de Trânsito, não?! Pois bem, o que parecia um duro golpe nos infratores resultou numa pequena redução no número de acidentes e vítimas, no período imediatamente após a implantação do novo CTB, seguido pelo retorno aos níveis anteriores de violência no trânsito, em pouco mais de um mês.
O fato desta mudança de comportamento ter sido tão efêmera nos faz deduzir que este controle social (lei) não foi exercido de forma satisfatória.
Nos EUA, por exemplo, o motorista infrator pode ser preso se não pagar as multas de trânsito, além, é claro, de ter o veículo apreendido. Por que aqui tem que ser diferente? Nossa frota é pequena se comparada à dos EUA. Os dados nos mostram que os brasileiros estão morrendo no trânsito, por ano, mais do que jovens americanos morreram na guerra do Vietnã.
Mas o motorista brasileiro, espertalhão e ainda adepto da Lei de Gérson, essa sim sempre presente por aqui, acha que seus direitos estão sendo violados. Direitos de encher a cara e passar por cima de pedestres, destruir os carros dos outros e outras coisinhas “de menos” se comparadas com sua “necessidade” de beber. Que vá falar sobre seus direitos àquela mãe que chora sobre o corpo do filho ou àquele pai que perdeu mulher e filha num cruzamento.
Ahhh, mas isso só acontece com os outros, não é mesmo?! Eu não, eu tenho controle...
Precisamos aprender a viver com regras. São elas que tornam a vida em sociedade suportável.
2 comentários:
Precisamente o que eu penso. As pessoas têm uma neurose tão grande ao proteger sua "liberdade" que não pensam no quanto ela pode ser perigosa. Qualquer coisa que você proíbe vira motivo de discussão, surgem os militantes dizendo que é a volta da ditadura... Pombas, é preciso impor alguma ordem, senão vira zona! Ainda mais no Brasil, em que apelar à cidadania é pura perda de tempo. Por aqui, só na marra mesmo.
Defensores da lei, como nós, ainda vão ter que aturar os futuros (e inevitáveis) escândalos de policiais corruptos, usando o bafômetro como elemento de chantagem para levar dindin de motoristas alcoolizados. Aí os amigos vão nos torrar a paciência: "Tá vendo, essa lei é só para os policiais encherem o bolso". Saco.
Não sei como os pedófilos do Brasil até hoje não se manifestaram, dizendo que têm o direito de comer criancinhas. "Estão cerceando nossa liberdade, temos esse direito! Proibir é feio! Estão nos usando para desviar sua atenção da corrupção em Brasília!" Faça-me o favor...
O mal deste povo é exatamente este: desprezar as regras e ainda achar que isso é que é ser "esperto". :(
Postar um comentário