De novo, como em todo ano, aí vem a Festa do Peão de Barretos.
Eu nem ia escrever esse post pois acredito que todas as críticas já foram feitas, todos os vegetarianos já se manifestaram contra e os militantes pelos direitos animais também. Para tentar mostrar que essa prática é cruel, fizeram passeatas (alguém "não-vegetariano" ou "não-militante" viu?), criaram apresentações em Powerpoint, vídeos, cartazes e os distribuiram internet afora.
ONGs, associações, agremiações e simpatizantes "da causa" animal, muitas vezes com recursos dos próprios bolsos de seus integrantes, fizeram o que podiam para conseguir adesão ao boicote ao evento, à conscientização das pessoas de que, por exemplo, derrubar um novilho torcendo-lhe o pescoço quando este está correndo não é muito saudável para o animal.
Mas nada parece dar resultado e mudar a situação.
A ignorância do povo prevalece, é contagiosa e parece se alastrar mais que a gripe suína.
O lobby das empresas patrocinadoras é muito forte, tem muito dinheiro e o apelo é grande: muitos não vão lá para ver o rodeio, mas beber, verem e serem vistos e quem sabe tirar ao menos uma lasquinha dos rapazes e garotas fantasiados de Jeca curtindo os shows musicais que rolam por lá.
E foi por causa dos shows que resolvi escrever. Li no UOL que "católicos e evangélicos marcam presença na festa de Barretos", mandando pra lá suas estrelas musicais.
Você deve pensar que tenho birra em relação à religião de modo geral, mas os religiosos fazem por merecê-la.
Quer saber o motivo pelo qual as religiões (exceção para o Budismo e algumas outras do lado de lá do mundo) e os religiosos não abraçam a causa animal e o vegetarianismo? Porque isso seria impopular, perderiam faturamento, quer dizer, adeptos.
Como disse Abrahan Lincoln, "Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais".
Como pode gente espiritualizada, que procura a paz, procura "o Senhor", procura elevação espiritual concordar com isso ou, tão ruim quanto, fechar os olhos a respeito?
Claro, como sempre haverão depoimentos sobre como os animais são bem tratados, pois eles são o ganha-pão dos peões e do espetáculo, blá, blá, blá... E a maioria vai acreditar nisso, como se laçar ou derrubar por torção de pescoço, estressar um animal naturalmente pacífico para que pareça bravo, dar choques para já sair pulando para arena e outras práticas ainda mais sádicas fossem "tratar bem".
Assim como o personagem Cypher (uma alusão à Lúcifer?), grande parte prefere continuar na Matrix, pois só precisam continuar em frente como sempre fizeram.
"- Ilusão é felicidade" - diz Cypher abocanhando um sangrento naco de filé.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
PÃO E CIRCO PARA A MASSA IGNARA
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sábado, 15 de agosto de 2009
GREAT MINDS THINK ALIKE COISA NENHUMA
Você já deve ter ouvido a frase "great minds think alike". Ela é usada, apesar de algumas informações equivocadas por aí, para expressar superioridade intelectual entre pessoas que pensam de maneira semelhante.
Numa peça de comunicação da Ermenegildo Zegna (que pai é esse que põe um nome desses numa criança?...), três homens bem apessoados usam ternos da marca e lêem o Financial Times.
O cartaz tenta passar a idéia de que são executivos de sucesso e que tem bom gosto para roupas.
Já ouvi essa frase em filmes também, numa situação em que alguém tem uma idéia genial para ganhar muito dinheiro e seu interlocutor, pensando semelhante, adiciona alguns toques nessa tal idéia e o primeiro termina a cena com a tal "great minds...".
Ok, eu sou chato mesmo, mas me parece haver um equívoco nessa frase ou na idéia que as pessoas acham que ela passa. Explico: se grandes mentes pensam parecido, teremos pessoas inteligentes (great minds) tendo nenhuma ou então poucas idéias originais, pois eles "think alike".
Mas como pensar igual, mesmo que seja entre os brilhantes, o fará "fazer a diferença", algo tão valorizado em qualquer área?
Ou seja, mentes que pensam semelhantemente tem um "quê" de espírito de manada, aquele bando que se veste parecido, corta cabelo parecido, usa pulôver cor pastel sobre os ombros de modo parecido,lê as mesmas coisas, conta as mesmas piadas, assiste as mesmas coisas na TV, tem as mesmas opiniões sobre diversos assuntos e tiram conclusões semelhantes, por exemplo, sobre uma peça teatral de Gerald Thomas.
Indo ao extremo nesse raciocínio teremos uma outra frase: "fools never differ" (tolos nunca divergem).
São as grandes mentes, os grandes cérebros (não, não os "cabeção" como há em toda turma, entenda) os que pensaram diferente da grande maioria que fizeram a História. Todo o resto apenas os seguiu ou, pior, resistiu a eles.
Copérnico pensou diferente, muito diferente de todos e mudou o modo como vemos o Universo.
Darwin voou longe das mentes medianas, as que pensavam semelhantemente, e criou a Teoria da Evolução. Você pode não acreditar nela, mas essa idéia mudou o curso da História também.
Antes que algum engraçadinho lembre, Hitler também teve uns delírios diferentes do resto do mundo... Bem, grandes mentes às vezes tomam rumos estranhos.
Einstein, Martin Luther King, Philip Kotler, Mahatma Ghandi, Gautama Buda, Jesus Cristo... Todos eles pensavam muito diferente de seus semelhantes às suas épocas.
Portanto, quando alguém lhe fizer um elogio dizendo que "great minds think alike", lembre-se de que "fools never differ". Talvez a pessoa seja mesmo brilhante e tenha apenas encontrado uma maneira elegante de lhe dizer que você é um maria-vai-com-as-outras.
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009
É SIMPLES DEFINIR O AMOR
O nome de Iggy Pop estará para sempre ligado ao Punk, de quando era o vocalista visceral e avassalador do The Stooges. É esse mesmo Iggy Pop, sobrevivente dos excessos dos anos 60 e 70, que lança "Preliminaires", um disco no mínimo curioso.
E imperdível.
Todas as resenhas que você encontrar por aí tratarão das versões que ele fez para "Les Feuilles Mortes" de Édith Piaf e a lúgebre mas surpreendentemente suave, tendo em vista quem a canta, "How Insensitive"(Insensatez) de Tom Jobim.
O álbum é inspirado no livro “A Possibilidade de uma Ilha”, do polêmico escritor francês Michel Houellebecq, considerado um radical destemido por uns, medíocre e apelativo por outros. Só isso já seria suficiente para ver do que se trata, mas aqui no Café o papo vai pra outro lado.
Ouvi mil vezes e vou ouvir muitas vezes ainda "The Machine for Loving". Uma estória crua, dura mas que é também uma canção/declaração de amor, mas não uma comum como muitas outras. Ao ouvi-la pela primeira vez, no carro dirigindo e sem prestar atenção à letra, os arranjos me fizeram imaginar uma casa em meio a uma planície deserta, montanhas ao longe e o Sol se pondo no horizonte. Freud explica...
A música conta a estória de Fox, companhia da qual o cantor não mais desfruta. Iggy termina essa canção dizendo (dizendo mesmo, pois a canção é falada, não cantada):
Love is simple to define
but it seldom happens in the series of beings
Through these dogs we pay homage to love
And to its possibility.
Não sei se ele ou o Houellebeq são ou foram cachorreiros.
Acho que sim.
E imperdível.
Todas as resenhas que você encontrar por aí tratarão das versões que ele fez para "Les Feuilles Mortes" de Édith Piaf e a lúgebre mas surpreendentemente suave, tendo em vista quem a canta, "How Insensitive"(Insensatez) de Tom Jobim.
O álbum é inspirado no livro “A Possibilidade de uma Ilha”, do polêmico escritor francês Michel Houellebecq, considerado um radical destemido por uns, medíocre e apelativo por outros. Só isso já seria suficiente para ver do que se trata, mas aqui no Café o papo vai pra outro lado.
Ouvi mil vezes e vou ouvir muitas vezes ainda "The Machine for Loving". Uma estória crua, dura mas que é também uma canção/declaração de amor, mas não uma comum como muitas outras. Ao ouvi-la pela primeira vez, no carro dirigindo e sem prestar atenção à letra, os arranjos me fizeram imaginar uma casa em meio a uma planície deserta, montanhas ao longe e o Sol se pondo no horizonte. Freud explica...
A música conta a estória de Fox, companhia da qual o cantor não mais desfruta. Iggy termina essa canção dizendo (dizendo mesmo, pois a canção é falada, não cantada):
Love is simple to define
but it seldom happens in the series of beings
Through these dogs we pay homage to love
And to its possibility.
What is a dog but a machine for loving
You introduce him to a human being,
giving him the mission to love
And however ugly, perverse, deformed or stupid
this human being might be
The dog loves him.
The dog loves him.
Não sei se ele ou o Houellebeq são ou foram cachorreiros.
Acho que sim.
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