Quando a Célia escreveu que seu pupilo “...ridicularizou diversos conjuntos como Talking Heads, Supertramp, The Doors e até os Beatles” lembrei que em algum momento de nossa pré-adolescêcia e adolescência adentro todos nós talvez tenhamos desdenhado de algum ídolo de nossos pais, tios e até avós.
Você não? Esprema sua memória e provavelmente se lembrará de um episódio semelhante...
Porém, é engraçado como, passado algum tempo, a gente comece a resgatar ídolos esquecidos no passado, meio que fazendo uma releitura de suas peças. Talvez isso seja apenas uma permissão que a maturidade nos dá para, somente então, entender o que o artista tentava transmitir com sua obra.
Recentemente passei por uma fase Hendrix – o cara, o som, as letras são muito, muito atuais. Coisa de gênio mesmo. Um clássico, jamais passageiro. Quantos dos artistas e bandas atuais serão lembrados daqui 20, 30 anos?...
De uns meses pra cá estou revisitando Tom Waits.
Meu primeiro contato com ele foi através da inesquecível Downtown Train, em meados dos anos 80. Mas eu era muito jovem e sua música me pareceu triste, sombria. Deixei pra lá.
Foi então que, mais de 20 anos depois, procurando a mesma música para baixar pro meu iPod que reencontrei todo o universo de Waits.
Hold On , um som mais “fácil”, possivelmente a faixa “de trabalho” do disco, talvez não nos dê uma idéia desse universo de bares esfumaçados, bêbados em fim de noite, clubes de jazz, circos mambembes, ópera dos excluídos...
Poesia sonora, como em Waltzing Matilda ou You Can Never Hold Back Spring, na abertura de “La Tigre e la Neve”, com Roberto Benigni, recém-lançado em DVD.
Velho? Poesia tem idade? Pearl Jam fez uma cover de Picture In A Frame ano passado em Milão.
Nada do que eu escreva pode descrever melhor o artista e sua obra como as matérias Tom Waits: o otimismo de um cínico ou A Metafísica de Botequim de Tom Waits, em que Martim Vasques da Cunha diz que Waits é “... um sujeito que nos leva a refletir sobre que raios estamos fazendo aqui, neste mundo repleto de imbecilidades e desgraça...”.
Questionador, anarquista, ir contra a mesmice...Velho?
Waits jamais fez “mais do mesmo” como muitos dos artistas atuais.
Você não? Esprema sua memória e provavelmente se lembrará de um episódio semelhante...
Porém, é engraçado como, passado algum tempo, a gente comece a resgatar ídolos esquecidos no passado, meio que fazendo uma releitura de suas peças. Talvez isso seja apenas uma permissão que a maturidade nos dá para, somente então, entender o que o artista tentava transmitir com sua obra.
Recentemente passei por uma fase Hendrix – o cara, o som, as letras são muito, muito atuais. Coisa de gênio mesmo. Um clássico, jamais passageiro. Quantos dos artistas e bandas atuais serão lembrados daqui 20, 30 anos?...
De uns meses pra cá estou revisitando Tom Waits.
Meu primeiro contato com ele foi através da inesquecível Downtown Train, em meados dos anos 80. Mas eu era muito jovem e sua música me pareceu triste, sombria. Deixei pra lá.
Foi então que, mais de 20 anos depois, procurando a mesma música para baixar pro meu iPod que reencontrei todo o universo de Waits.
Hold On , um som mais “fácil”, possivelmente a faixa “de trabalho” do disco, talvez não nos dê uma idéia desse universo de bares esfumaçados, bêbados em fim de noite, clubes de jazz, circos mambembes, ópera dos excluídos...
Poesia sonora, como em Waltzing Matilda ou You Can Never Hold Back Spring, na abertura de “La Tigre e la Neve”, com Roberto Benigni, recém-lançado em DVD.
Velho? Poesia tem idade? Pearl Jam fez uma cover de Picture In A Frame ano passado em Milão.
Nada do que eu escreva pode descrever melhor o artista e sua obra como as matérias Tom Waits: o otimismo de um cínico ou A Metafísica de Botequim de Tom Waits, em que Martim Vasques da Cunha diz que Waits é “... um sujeito que nos leva a refletir sobre que raios estamos fazendo aqui, neste mundo repleto de imbecilidades e desgraça...”.
Questionador, anarquista, ir contra a mesmice...Velho?
Waits jamais fez “mais do mesmo” como muitos dos artistas atuais.
3 comentários:
Concordo! Belo texto heim?!
Adoro Tom Waits. E que clip bonito este "Hold On".
Sim, lembro que na minha adolescência achava "engraçado" alguns tipos de som, de arranjo e tinha um certo constrangimento em confessar para a "galera" que curtia Roberto Carlos ou Frank Sinatra, por não ser "cool".
Hoje eu já "não tem nem aí". Assumo o que gosto e pronto. Liberdade, liberdade!
Pois é. Como escrevi, ao contrário de seguir modismos ou fazer tudo o que a turma faz, vê e ouve, ouvir aquilo que a gente bem entende é um dos presentes que a maturidade nos dá.
Belo texto, Luiz !
E fez-me lembrar...das não tão vagas recordações de minha infância o que eu sentia era mais o contrário, isto é, que meus pais rechaçavam as músicas que eu apreciava nas festinhas dos longínquos anos 60 (final, hein ?), dos músicos vinculados ao movimento da contracultura, do hard rock, do folk, do pop dos citados conjuntos...e quiçá tenha eu desdenhado do que meu pai gostava de ouvir, como gostava de fazer imitando o timbre vocal de uma cantora de Ópera, que ele adorava...mas no geral eu herdei bastante coisa deles, de Jazz a Frank Sinatra, passando por The Platters, Glenn Miller, música clássica.
E o "wailing dog" Waits sempre gostei, mas ouvi por breve período de tempo, nos eighties.
Um abraço, parabéns pelo blog!
Sérgio Penteado
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