O assunto da semana tem sido o espantoso, moroso, torturante e, como todo mundo diz, caótico trânsito aqui em SP.
O Governo e a Prefeitura apressam-se em adotar medidas de urgência para tentar ao menos desafogar alguns corredores. Melhor seria rezar para São Cristóvão...
Como não poderia deixar de ser, tais medidas são principalmente compostas de obras – uma oportunidade de superfaturamentos e altos ganhos para os envolvidos – e contratação de mais fiscais de trânsito – uma excelente fonte de captação de recursos, um eufemismo para “indústria das multas” que políticos teimam em dizer que não existe.
Mas essas ações visam, principalmente, as vias de grande fluxo, as avenidas nas quais o trânsito deveria ser rápido (isso sim, não existe). Mas uma voltinha de poucos minutos pelas ruas do bairro onde moro mostrou que falta ainda uma atitude dos governantes: priorizar a educação e conscientização.
Coloquei minhas duas cachorrinhas no carro e fui levá-las numa praça aqui perto, onde as solto e deixo andar, correr, cheirar a grama, encontrar outros cães. Parecia algo simples e corriqueiro, mas com o assunto “trânsito” na cabeça, prestei atenção:
- o motorista dum ônibus, ao parar para pegar e deixar descer passageiros, não encostou no meio-fio. Ficou no meio da rua, segurando uma enorme fila de carros enquanto senhoras de idade avançada tentavam entrar ou sair do ônibus, sob protestos de um “buzinaço” logo de manhã;
- em frente às escolas (tem duas no caminho), as mães continuam estacionando em filas-duplas, afunilando e às vezes impedindo o fluxo de quem só quer passar. É só um minutinho, né...;
- o mesmo acontece em frente à padaria;
- ninguém lembra (ou simplesmente não estão nem aí) das aulas na auto-escola, em que se aprendia (ou deveria aprender) que a prioridade num cruzamento, não havendo vias principais e secundárias, é de quem vem pela direita. Isso evitaria as brecadas bruscas e sustos logo na esquina de casa;
- pedestres, cheios de direitos porque são o lado mais fraco, desrespeitam o semáforo e atravessam a rua enquanto o sinal é verde para os carros, nem se importando com o homenzinho vermelho piscando do outro lado;
- um apressado atravessa pelo meio de uma rotatória como se ali não houvesse marcação nenhuma. Sorte, pois o outro que vinha pela esquerda conseguiu brecar a tempo;
- um caminhão de refrigerantes e cerveja, muito mal estacionado, afunilava a passagem numa rua com carros parados nos dois lados;
- em frente aos diversos edifícios em construção, as betoneiras e as caçambas de entulhos ocupam quase meia via;
- olhando para o relógio, atrasados saem das garagens dos prédios com se mais ninguém transitasse por ali, enfiando estupidamente o automóvel na rua e fazendo o costumeiro e já sem sentido sinal de “desculpas”.
Isso tudo em pouco menos de dez minutos ao volante...
Que dê a primeira buzinada quem nunca cometeu alguma ou sofreu com essas barbeiragens. Obras e fiscais não terão efeito algum frente à falta de educação, displicência e ignorância dos motoristas profissionais ou não.
Em São Paulo, mais que a explosão automobilística e vias apertadas, os motoristas são vítimas deles mesmos.
Como não poderia deixar de ser, tais medidas são principalmente compostas de obras – uma oportunidade de superfaturamentos e altos ganhos para os envolvidos – e contratação de mais fiscais de trânsito – uma excelente fonte de captação de recursos, um eufemismo para “indústria das multas” que políticos teimam em dizer que não existe.
Mas essas ações visam, principalmente, as vias de grande fluxo, as avenidas nas quais o trânsito deveria ser rápido (isso sim, não existe). Mas uma voltinha de poucos minutos pelas ruas do bairro onde moro mostrou que falta ainda uma atitude dos governantes: priorizar a educação e conscientização.
Coloquei minhas duas cachorrinhas no carro e fui levá-las numa praça aqui perto, onde as solto e deixo andar, correr, cheirar a grama, encontrar outros cães. Parecia algo simples e corriqueiro, mas com o assunto “trânsito” na cabeça, prestei atenção:
- o motorista dum ônibus, ao parar para pegar e deixar descer passageiros, não encostou no meio-fio. Ficou no meio da rua, segurando uma enorme fila de carros enquanto senhoras de idade avançada tentavam entrar ou sair do ônibus, sob protestos de um “buzinaço” logo de manhã;
- em frente às escolas (tem duas no caminho), as mães continuam estacionando em filas-duplas, afunilando e às vezes impedindo o fluxo de quem só quer passar. É só um minutinho, né...;
- o mesmo acontece em frente à padaria;
- ninguém lembra (ou simplesmente não estão nem aí) das aulas na auto-escola, em que se aprendia (ou deveria aprender) que a prioridade num cruzamento, não havendo vias principais e secundárias, é de quem vem pela direita. Isso evitaria as brecadas bruscas e sustos logo na esquina de casa;
- pedestres, cheios de direitos porque são o lado mais fraco, desrespeitam o semáforo e atravessam a rua enquanto o sinal é verde para os carros, nem se importando com o homenzinho vermelho piscando do outro lado;
- um apressado atravessa pelo meio de uma rotatória como se ali não houvesse marcação nenhuma. Sorte, pois o outro que vinha pela esquerda conseguiu brecar a tempo;
- um caminhão de refrigerantes e cerveja, muito mal estacionado, afunilava a passagem numa rua com carros parados nos dois lados;
- em frente aos diversos edifícios em construção, as betoneiras e as caçambas de entulhos ocupam quase meia via;
- olhando para o relógio, atrasados saem das garagens dos prédios com se mais ninguém transitasse por ali, enfiando estupidamente o automóvel na rua e fazendo o costumeiro e já sem sentido sinal de “desculpas”.
Isso tudo em pouco menos de dez minutos ao volante...
Que dê a primeira buzinada quem nunca cometeu alguma ou sofreu com essas barbeiragens. Obras e fiscais não terão efeito algum frente à falta de educação, displicência e ignorância dos motoristas profissionais ou não.
Em São Paulo, mais que a explosão automobilística e vias apertadas, os motoristas são vítimas deles mesmos.
2 comentários:
Concordo. Mas, é essencial investir em transporte público. Você sabia que são despejados 800 carros nas ruas de Sampa por dia? Este é o número de veículos licenciados em SP. É um contigente maior que o número de nascimentos de bebês (500 ao dia)!! Que tal?
É, eu lisobre esses números mas não entendi qual a relação entre eles...
O que uma coisa tem a ver com a outra?
"Deveria" haver mais nascimentos que emplacamentos? Por quê?
Quanto ao transporte público, concordo, mas as pessoas só trocarão seus carros por ônibus quando estes forem civilizados como em Santa Mônica, Califórnia: ar condicionado, silencioso, bancos macios, passava no horário certo, motorista calmo...
Será que chegamos nisso?
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